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Jogadoras da seleção feminina de futebol lamentam abandono
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EDUARDO OHATA
FÁBIO GRIJÓ
MARIANA LAJOLO
da Folha de S.Paulo
Atenas, agosto de 2004. Com a medalha de prata no peito, as jogadoras da seleção feminina de futebol começaram a sonhar. Acreditavam que o feito inédito pudesse mudar a dura realidade enfrentada no país pelo esporte que abraçaram. Ouviram muitas promessas.
Hoje, às vésperas de buscarem a maior conquista da equipe na história, elas não acreditam que a inédita taça possa transformar de fato o cenário da modalidade no Brasil.
As brasileiras fazem a final da Copa do Mundo da China domingo, às 9h, contra a Alemanha.
"Hoje a gente joga para dar nosso melhor, mas não espera muito reconhecimento de fora. Já prometerem muito, e pouco aconteceu. A gente torce, quer que melhore, mas nem todos estão interessados", afirmou a meia Daniela Alves, 23.
Desde o vice-campeonato olímpico pouco foi feito. Naquela época, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, anunciou o estudo de uma subvenção ao futebol, que não vingou.
Agora, com os holofotes sobre a equipe após o ouro no Pan e com a ótima atuação no Mundial, anuncia que irá criar uma Copa do Brasil de futebol feminino, prevista para outubro.
A entidade, porém, não sabe quantos clubes estão em atividade no país. O torneio aconteceria tão logo acabe o levantamento da CBF sobre os times.
A competição deve ter na primeira fase disputas regionais que, no final, selecionarão oito equipes para a etapa nacional.
A confederação não destaca à equipe feminina a mesma atenção dada aos homens. No Pan do Rio, por exemplo, as atletas usaram o uniforme antigo da seleção principal masculina.
Na terça-feira, Teixeira deverá se reunir com o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., para apresentar o projeto da Copa do Brasil. O ministério estuda o que é possível fazer em prol da modalidade. Mas não haverá o alardeado patrocínio da Caixa Econômica Federal, nem para a competição nem para a seleção.
"Eu falo para as meninas que um dia elas podem comer o filé mignon. Mas a gente roeu muito osso. O que quero é jogar pelo futebol do meu país. Todo mundo fala que temos de provar nosso valor e que aí virão as mudanças. A gente tem que provar mais o quê? Só queremos um trabalho. É muito?", disse Tânia Maranhão, 32 anos, 17 deles na seleção feminina.
Algumas jogadoras do país já conseguiram contratos no exterior. Para quem fica, porém, faltam estrutura e torneios.
Após o ouro no Pan, Marta, eleita a melhor jogadora do mundo, chorou ao comentar o cenário do futebol no país.
O último Campeonato Brasileiro, organizado por ligas amadoras de São Paulo e Rio, sem chancela da CBF, é um exemplo. O torneio contou com 20 times de oito Estados.
No Rio, aconteceram jogos em cinco sedes, mas apenas duas investiram verba no evento. As outras bancaram apenas alimentação e estadia. Como a entidade fluminense gastou com a competição, neste ano faltou dinheiro para o Estadual, que não será mais realizado.
"A gente já ouviu muitas promessas. Na época da medalha de prata na Olimpíada, todo mundo achou que tudo ia mudar. Agora, com o Pan, veio a mesma esperança. Estamos fazendo a nossa parte, mas não espero mais nada", resigna-se Aline Pellegrino, 25, que ganha R$ 250 de ajuda de custo.
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