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31/03/2002 - 20h24

Tetracampeão mundial de F-1 cala a torcida brasileira

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da Folha de S.Paulo

O autódromo José Carlos Pace tem um herói. Ele não é brasileiro. Seu nome é Michael Schumacher, o maior vencedor da história do circuito. Os aspirantes nacionais, ascendentes ou descendentes, abandonaram hoje em Interlagos. Assim acontece desde a temporada de 1994, assim acontece desde que o alemão venceu em São Paulo, pela primeira vez.

Na cidade que não gosta, no país que gosta _desse jeito definiu suas impressões sobre o GP Brasil, na última sexta-feira_, Schumacher venceu quatro vezes: em 1994, após duelo em que bateu com certa facilidade Ayrton Senna, em 1995, em 2000 e hoje.

No mesmo período, Rubens Barrichello, sucessor forçado do tricampeão mundial, morto em acidente naquela mesma temporada, e uma série de outros pilotos não conseguiram sustentar o histórico de sucesso que criou e mantém o GP Brasil de F-1 por 31 edições, desde 1972.

Hoje, em Interlagos, nem a esperança de sucessão do próprio Barrichello funcionou. Felipe Massa, 20, que estreou na categoria neste ano e foi incensado pela mídia na semana que antecedeu o GP, abandonou na 42ª volta. Foi o que mais durou na pista. Enrique Bernoldi, 23, não passou da 20ª. Barrichello correu bem, mas correu apenas 16 voltas.

O piloto da Ferrari repetiu, aliás, uma quase rotina que mantém em Interlagos. Um excelente desempenho inicial, com ultrapassagens e público empolgado, para logo depois abandonar. Indagado sobre essa "maldição" de Interlagos, Barrichello desdenhou. Não há maldição, o que há é absoluta falta de resultados.

Escaldado por tantas temporadas sem vitórias e por um desempenho apenas regular dos representantes nacionais no treino oficial _Barrichello, 8º, Massa, 12º, Bernoldi, 21º_, Interlagos chegou mesmo a optar por um representante sul-americano, o colombiano Juan Pablo Montoya.

Da pole, o piloto da Williams manteve-se à frente na primeira curva. Na curva do Sol, sucumbiu a Schumacher. No final da reta, bateu na traseira do alemão.

Sua corrida estava arruinada. Voltou para os boxes com uma bandeira do Reino Unido em forma de pipa enroscada na asa, trocou o bico do carro e retornou para a prova em último.

Recuperou-se, chegou em quinto, marcou pontos, resultado que pode ter deixado a torcida colombiana feliz, mas não suficiente para sensibilizar Interlagos.

Com o carro leve, Barrichello percorreu suas 16 voltas de glória. Um problema hidráulico fez ele voltar a pé para os boxes. Foi aplaudido, como sempre. Interlagos vivia seu segundo anticlímax do dia.

As atenções então se viraram para Massa, que vinha numa razoável nona colocação. Pelo desenvolvimento da prova, ele poderia repetir a corrida de sobrevivência que realizou em Sepang, onde obteve o primeiro ponto de sua carreira.

Problemas de pista e a primeira rodada de pits derrubaram o herói de Botucatu para a 15ª colocação. Enquanto os irmãos Schumacher trocavam momentaneamente de posição durante a parada nos boxes, finalmente abandonou, após choque com Mark Webber.

Interlagos, então, esgotou suas possibilidades nacionais. Após o terceiro anticlímax do dia, restava presenciar a disputa fria e pouco movimentada dos irmãos alemães.

Liderando o segundo pelotão, os pilotos da McLaren e da Renault disputavam o terceiro lugar do pódio, mas duas quebras, de Kimi Raikkonen e Jarno Trulli, resumiram a corrida particular.

David Coulthard levou a melhor -subiu ao pódio de macacão aberto, claramente estafado pelo calor de 31 graus do outono paulistano e de 40 do asfalto.

Sobrou Schumacher, rei de Interlagos, e o outro Schumacher, uma espécie de príncipe, embalados e igualados pela paridade entre os pneus Bridgestone e Michelin, que deveriam decidir a corrida. Seus súditos, porém, não estavam nas arquibancadas.

Interlagos elege alguns heróis, mas parece não usar a tabela de classificação para escolhê-los. Acostumou-se a aplaudir o talento alheio, os ídolos de fora.

Na verdade, desde 1994, não tem outra opção: Schumacher, o sujeito que marca pontos a cada três corridas (chegou a essa média neste final de semana), e a cada ano um rival diferente é que dita o show. Os brasileiros e até os adotados como brasileiros são apenas coadjuvantes.

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