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13/05/2002 - 22h06

"Tomei a decisão sozinho", diz Jean Todt

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FÀBIO SEIXAS
enviado especial da Folha a Zeltweg

Tem tudo para ser mais um gesto orquestrado. Mas o diretor esportivo da Ferrari, o francês Jean Todt, assumiu hoje toda a responsabilidade pela inversão de posições de seus dois pilotos na última volta do GP da Áustria.

"Eu tomei a decisão sozinho. Poderia ter dado a ordem antes, mas achei que aquele era o momento certo. Não me arrependo do que fiz", declarou o dirigente. "Não foi uma decisão fácil, mas ainda estamos no primeiro terço da temporada. Até agora, não ganhamos absolutamente nada."

Suas declarações deixam Luca di Montezemolo, presidente da escuderia, livre da "culpa" pela atitude antiesportiva de Zeltweg.

Figura influente na Itália, ex-dirigente da Juventus, membro de associações industriais e comerciais, Montezemolo tem claras aspirações políticas em seu país.

Mesmo tendo recusado um convite do premiê Silvio Berlusconi para assumir o Ministério dos Esportes, no ano passado, o executivo almeja um cargo público quando deixar a Ferrari, o que já ameaçou fazer algumas vezes.

Mas, a julgar pelas manchetes dos jornais italianos hoje, ele dificilmente se elegeria para qualquer coisa nos próximos meses.

Hoje, dois jornais italianos fizeram pesquisas em seu sites para saber a opinião dos leitores. Na página do "La Repubblica", mais de 15 mil pessoas votaram: 87% foram contra a atitude da Ferrari.

No site do "La Gazzetta dello Sport", 94% dos leitores desaprovaram a troca de posições no GP.

"Toda decisão tem prós e contras. Mas, para mim e para a Ferrari, prevaleceu o lado positivo", disse Todt. O discurso do francês soa a jogo de cena. Dificilmente ele tomaria uma decisão importante como aquela sem o consentimento do presidente da escuderia, que viu o GP pela TV, na Itália.

Depois de fazer a pole e dominar todo o GP da Áustria, Rubens Barrichello recebeu ordem da Ferrari para desacelerar e abrir para Michael Schumacher, então em segundo. A ordem veio na 68ª das 71 voltas da prova. O brasileiro obedeceu, abriu mão do que seria sua segunda vitória na F-1 e deu o primeiro lugar ao alemão a 10 m da linha de chegada.

No pódio, Schumacher e Barrichello foram vaiados, cena inédita nos 52 anos da categoria.

Após a prova, Barrichello revelou que está proibido de vencer na categoria enquanto Schumacher estiver na pista, disputando o título do Mundial de Pilotos.

Menos explícito, Todt hoje reforçou a proibição. Questionado sobre quando Barrichello poderá vencer um GP, respondeu: "A hora de Rubens vai chegar".

Chamado de "Napoleão de Maranello" pelo "Il Resto del Carlino", jornal diário de Bolonha, ele foi irônico ao ser chamado para comentar a situação dos apostadores europeus que empenharam dinheiro na vitória do brasileiro. "Nunca aposto em nada", disse.

Ex-dirigente da divisão de ralis da Peugeot, Todt está na Ferrari desde 1993. A escuderia, porém, só começou a deslanchar em 1996, com a chegada de Schumacher e seu time: Ross Brawn e Rory Byrne. Todos, assim como Barrichello, têm contratos até 2004. Esta era a data-limite imaginada por Montezemolo para deixar o time e tentar um cargo público. Após a "marmelada" de Zeltweg, porém, talvez tenha que adiar os planos.

  • Leia mais: no especial de F-1




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