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21/12/2003
-
09h23
ADALBERTO LEISTER FILHO
da Folha de S.Paulo
A disputa dos 400 m com barreiras do GP de Berlim, em 1977, parecia ser igual a tantas outras das quais Edwin Moses já participara. Não foi. Nove dias antes de completar 22 anos, o norte-americano, que seria o maior nome da história daquela prova, foi surpreendido por Harald Schmid.
"Me prometi que não voltaria a perder tão cedo. Tenho instinto assassino. Quando estou na pista, quero vencer sempre", diz Moses, que manteve a supremacia na prova por cabalísticos nove anos, nove meses e nove dias.
Nesse período, o velocista de monstrou a mesma confiança que o levou, aos 48 anos, a anunciar seu retorno às competições. "Queria voltar para correr como veterano. De um ponto de vista conservador, creio que já possa competir em fevereiro ou março. É preciso cinco ou seis meses de
adaptação", disse Moses à Folha.
Para se aproximar dos melhores em uma idade em que a maioria dos atletas só vai à pista para as sistir à performance de seus pupilos, Moses segue uma rotina bastante rígida de exercícios. "Faço duas ou três sessões diárias. Tenho que ser cada vez mais consistente", afirma, incisivo.
Seu objetivo é completar a prova em 50s50 --quando recomeçou a treinar estava correndo a distância em 52s. Tempo ruim? No Mundial de Paris, disputado em agosto, com essa marca, Moses teria se tornado o sétimo atleta mais veloz do planeta na prova. E enfrentando competidores com
idade para ser seus filhos.
"Eu ficaria chocado se os barreiristas dos EUA me permitissem conseguir um lugar na equipe olímpica. Meu objetivo é modesto, mas quero fazer esse tempo para participar das seletivas".
Com a decadência de sua prova, essa fantasia não parece tão distante da realidade. Os tempos estão fracos em relação ao auge da prova, no fim dos anos 80.
Naquela época, ele fez duelos empolgantes contra os compatriotas Andre Phillips, ouro nos Jogos de Seul-88, e Kevin Young, dono do recorde mundial obtido em Barcelona-92 (46s78). Young é o único homem que conseguiu cumprir o percurso dos 400 m com barreiras em menos de 47s.
Moses lamenta que ninguém mais se aproxime daqueles feitos. As críticas sobram até para o dominicano Félix Sánchez, campeão nos dois últimos Mundiais (Edmonton-01 e Paris-03). "Ele mostrou que tem consistência. Mas as marcas que o Sánchez faz hoje eu já fazia vinte anos atrás".
Expansivo, o velocista só fica reticente quando questionado sobre os recentes escândalos de doping que macularam os EUA. Um dos atingidos foi justamente Phillips, que confessou ser fã de Moses antes de superá-lo em Seul. "Isso eu não comento".
Indiretamente, porém, admiteque seus companheiros podem ter usado drogas no passado. "Com o doping, muitos atletas medianos foram bem-sucedidos. Mas, se você minimizar isso, verá performances normais, como as de hoje, com marcas iguais às de 10 ou 14 anos atrás", analisa.
Moses, mito dos 400 m com barreiras, volta para superar barreiras aos 48 anos
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da Folha de S.Paulo
A disputa dos 400 m com barreiras do GP de Berlim, em 1977, parecia ser igual a tantas outras das quais Edwin Moses já participara. Não foi. Nove dias antes de completar 22 anos, o norte-americano, que seria o maior nome da história daquela prova, foi surpreendido por Harald Schmid.
"Me prometi que não voltaria a perder tão cedo. Tenho instinto assassino. Quando estou na pista, quero vencer sempre", diz Moses, que manteve a supremacia na prova por cabalísticos nove anos, nove meses e nove dias.
Nesse período, o velocista de monstrou a mesma confiança que o levou, aos 48 anos, a anunciar seu retorno às competições. "Queria voltar para correr como veterano. De um ponto de vista conservador, creio que já possa competir em fevereiro ou março. É preciso cinco ou seis meses de
adaptação", disse Moses à Folha.
Para se aproximar dos melhores em uma idade em que a maioria dos atletas só vai à pista para as sistir à performance de seus pupilos, Moses segue uma rotina bastante rígida de exercícios. "Faço duas ou três sessões diárias. Tenho que ser cada vez mais consistente", afirma, incisivo.
Seu objetivo é completar a prova em 50s50 --quando recomeçou a treinar estava correndo a distância em 52s. Tempo ruim? No Mundial de Paris, disputado em agosto, com essa marca, Moses teria se tornado o sétimo atleta mais veloz do planeta na prova. E enfrentando competidores com
idade para ser seus filhos.
"Eu ficaria chocado se os barreiristas dos EUA me permitissem conseguir um lugar na equipe olímpica. Meu objetivo é modesto, mas quero fazer esse tempo para participar das seletivas".
Com a decadência de sua prova, essa fantasia não parece tão distante da realidade. Os tempos estão fracos em relação ao auge da prova, no fim dos anos 80.
Naquela época, ele fez duelos empolgantes contra os compatriotas Andre Phillips, ouro nos Jogos de Seul-88, e Kevin Young, dono do recorde mundial obtido em Barcelona-92 (46s78). Young é o único homem que conseguiu cumprir o percurso dos 400 m com barreiras em menos de 47s.
Moses lamenta que ninguém mais se aproxime daqueles feitos. As críticas sobram até para o dominicano Félix Sánchez, campeão nos dois últimos Mundiais (Edmonton-01 e Paris-03). "Ele mostrou que tem consistência. Mas as marcas que o Sánchez faz hoje eu já fazia vinte anos atrás".
Expansivo, o velocista só fica reticente quando questionado sobre os recentes escândalos de doping que macularam os EUA. Um dos atingidos foi justamente Phillips, que confessou ser fã de Moses antes de superá-lo em Seul. "Isso eu não comento".
Indiretamente, porém, admiteque seus companheiros podem ter usado drogas no passado. "Com o doping, muitos atletas medianos foram bem-sucedidos. Mas, se você minimizar isso, verá performances normais, como as de hoje, com marcas iguais às de 10 ou 14 anos atrás", analisa.
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