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15/05/2004 - 02h28

Doping leva EUA a baixar meta de pódios para Atenas-04

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ADALBERTO LEISTER FILHO
da Folha de S.Paulo

O mais retumbante escândalo de doping de 2003 já gera pessimismo na maior potência esportiva do planeta. Nesta sexta, os EUA expuseram a ferida aberta pela descoberta do THG, "desistindo" da meta original de 110 medalhas nos Jogos de Atenas.

Agora, as perspectivas otimistas são de, no máximo, cem pódios olímpicos. "Acreditávamos que ganharíamos mais de cem medalhas. Agora, cremos que a equipe possa obter até cem pódios, mesmo que o país perca alguns atletas até o início dos Jogos", diz Jim Scherr, diretor-geral do Usoc, o comitê olímpico dos EUA.

Na conta do dirigente está a perda de atletas que não poderão competir na Grécia por estarem cumprindo suspensão por doping. O THG, o novo esteróide anabólico, cuja detecção foi anunciada há sete meses, já tirou de cena algumas estrelas do atletismo.

John McEwen e Melissa Price (arremesso de martelo) e Kevin Toth (arremesso de peso) já foram condenados a dois anos de suspensão nos EUA por causa da nova droga. Eles ainda podem recorrer à Corte de Arbitragem do Esporte, em Lausanne (Suíça), mas têm chances remotas de obter a liberação para competir.

Outra atleta que teve exame positivo para o THG, a meio-fundista Regina Jacobs, ainda aguarda o julgamento do seu caso. A provável punição irá tirar da equipe norte-americana a campeã dos 1.500 m do Mundial indoor de Birmingham, no ano passado.

Uma investigação da Justiça Federal apontou que a droga era produzida pela Balco, laboratório localizado em Burlingame, na Califórnia. A empresa era fornecedora de suplementos alimentares para estrelas locais do atletismo, beisebol e futebol americano.

A indignação popular com as fraudes fez com que a Federação de Atletismo dos EUA aprovasse novas punições. Em dezembro, a USATF estabeleceu que um atleta pode ser banido do esporte a partir do primeiro caso positivo para esteróides anabólicos, drogas que aumentam a força muscular.

Também houve pressão do Senado e da Casa Branca sobre o comitê olímpico. O presidente George W. Bush pediu maior rigor na luta contra o doping.
Para não passar por vexame internacional, haverá precauções. A Usada (agência antidoping dos EUA) testará todos os atletas antes da Olimpíada. Quem não passar no exame nem irá embarcar.

"Não posso especular sobre o que a Usada fará. Acredito, no entanto, que eles tomarão todos os cuidados para que nós mandemos uma delegação limpa", disse Bill Martin, presidente do Usoc.

"Queremos enviar para lá nossos melhores atletas. E creio que ainda temos capacidade de chegar a cem [medalhas]", completou o dirigente americano.

O enfraquecimento de sua delegação por causa dos problemas com drogas proibidas podem fazer os EUA perderem a primazia no quadro de medalhas pela primeira vez desde Barcelona-92.

A Rússia é hoje apontada como o principal país capaz de derrotar os norte-americanos. Segundo projeção feita pelo jornal "USA Today", os russos podem amealhar 91 medalhas, quase dez a mais do que os norte-americanos (82,5). O levantamento levou em conta o desempenho nos últimos Mundiais de cada modalidade.

Marion Jones

Nem a velocista Marion Jones, principal nome do atletismo dos EUA, ficou imune às acusações de doping. O escândalo da Balco respingou na atleta, dona de três ouros em Sydney-00.

Ela e seu marido, Tim Montgomery, recordista mundial dos 100 m, foram apontados como possíveis usuários do THG em investigação feita pela Justiça Federal, em San Francisco. Os dois apenas admitiram, em depoimento, que utilizavam suplementos alimentares fornecidos pela Balco.

"Sou uma das atletas mais testadas e nunca tive um resultado positivo", defendeu-se Jones, cujo ex-marido, C.J. Hunter, foi banido do esporte por doping.
 

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