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25/07/2004
-
08h20
DANIEL BUARQUE
LUÍS FERRARI
da Folha de S.Paulo
No ritual de formatura, todo médico faz o "Juramento de Hipócrates" --uma espécie de código de ética da profissão, cunhado na Grécia Antiga. Um dos compromissos que os profissionais assumem é exercer o ofício, mesmo "sem remuneração".
Um dos poucos médicos que que observam esse preceito hoje em dia é o ortopedista Wagner Castropil, 38, idealizador de uma ONG que presta gratuitamente serviço a esportistas. Sua equipe --dez médicos, 20 fisioterapeutas e uma nutricionista-- dedica dois períodos semanais ao atendimento voluntário de atletas.
O projeto, que existe há dois anos, já atendeu 2.000 pacientes --entre eles, quase um décimo da delegação brasileira que vai a Atenas. A média é de cem consultas mensais e uma cirurgia semanal. Para arcar com os custos, o grupo tem parcerias com um hospital paulistano, laboratórios e empresas de material cirúrgico.
O líder da iniciativa, que estará nos Jogos de Atenas, conta que o embrião do programa surgiu quando era atleta. "Em 1985, tive que operar os dois ombros. Não achava profissionais especialistas em atletas e havia o problema financeiro. Só fui operado no hospital da USP porque era aluno."
Hoje, o competidor que precisa de cirurgia não precisa mais passar no vestibular para medicina. É o caso do saltador Cassius Duran, 25. Aos 15 anos, Duran começou a sentir dores nas costas. Durante dois anos, procurou mais de 30 médicos que diagnosticavam o problema como uma contratura.
Castropil descobriu que ele tinha duas fraturas na região lombar da coluna e se ofereceu para fazer uma cirurgia de correção do problema. "Não tinha condição de pagar, mas fui atendido normalmente. Depois da operação, passei um ano com acompanhamento semanal", afirmou Duran.
A fama de Castropil se espalhou entre os atletas. Ao Pan de Santo Domingo, ele foi como médico da equipe de judô, mas ofereceu suporte a todas as modalidades. "Achava que ele era médico de toda a delegação brasileira", disse a ginasta Fernanda Trotta.
Habituada a se consultar com o médico quando vivia em São Paulo, ela continuou procurando seus conselhos mesmo depois de a seleção de ginástica rítmica se concentrar em Londrina. "Telefono para o Castropil sempre que tenho um problema. Se preciso, ele me atende nos finais de semana, quando posso viajar a São Paulo."
Os dez pacientes que vão a Atenas ouvidos pela Folha foram unânimes ao afirmar que o diferencial no tratamento é o fato de o médico ter sido atleta.
Tanto que mesmo quem pode pagar o tratamento procura seu grupo. "Até o Pelé foi operado de uma artrose no punho por nossa equipe", lembrou Castropil.
A meta da ONG é conseguir identificar um padrão de lesões de cada modalidade, para elaboração de treinos preventivos. Assim, não serão só os atletas contundidos os beneficiados pelo grupo.
Especial
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Leia mais notícias no especial dos Jogos Olímpicos-2004
Ortopedista Wagner Castropil dá assistência grátis a atletas
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LUÍS FERRARI
da Folha de S.Paulo
No ritual de formatura, todo médico faz o "Juramento de Hipócrates" --uma espécie de código de ética da profissão, cunhado na Grécia Antiga. Um dos compromissos que os profissionais assumem é exercer o ofício, mesmo "sem remuneração".
Um dos poucos médicos que que observam esse preceito hoje em dia é o ortopedista Wagner Castropil, 38, idealizador de uma ONG que presta gratuitamente serviço a esportistas. Sua equipe --dez médicos, 20 fisioterapeutas e uma nutricionista-- dedica dois períodos semanais ao atendimento voluntário de atletas.
O projeto, que existe há dois anos, já atendeu 2.000 pacientes --entre eles, quase um décimo da delegação brasileira que vai a Atenas. A média é de cem consultas mensais e uma cirurgia semanal. Para arcar com os custos, o grupo tem parcerias com um hospital paulistano, laboratórios e empresas de material cirúrgico.
O líder da iniciativa, que estará nos Jogos de Atenas, conta que o embrião do programa surgiu quando era atleta. "Em 1985, tive que operar os dois ombros. Não achava profissionais especialistas em atletas e havia o problema financeiro. Só fui operado no hospital da USP porque era aluno."
Hoje, o competidor que precisa de cirurgia não precisa mais passar no vestibular para medicina. É o caso do saltador Cassius Duran, 25. Aos 15 anos, Duran começou a sentir dores nas costas. Durante dois anos, procurou mais de 30 médicos que diagnosticavam o problema como uma contratura.
Castropil descobriu que ele tinha duas fraturas na região lombar da coluna e se ofereceu para fazer uma cirurgia de correção do problema. "Não tinha condição de pagar, mas fui atendido normalmente. Depois da operação, passei um ano com acompanhamento semanal", afirmou Duran.
A fama de Castropil se espalhou entre os atletas. Ao Pan de Santo Domingo, ele foi como médico da equipe de judô, mas ofereceu suporte a todas as modalidades. "Achava que ele era médico de toda a delegação brasileira", disse a ginasta Fernanda Trotta.
Habituada a se consultar com o médico quando vivia em São Paulo, ela continuou procurando seus conselhos mesmo depois de a seleção de ginástica rítmica se concentrar em Londrina. "Telefono para o Castropil sempre que tenho um problema. Se preciso, ele me atende nos finais de semana, quando posso viajar a São Paulo."
Os dez pacientes que vão a Atenas ouvidos pela Folha foram unânimes ao afirmar que o diferencial no tratamento é o fato de o médico ter sido atleta.
Tanto que mesmo quem pode pagar o tratamento procura seu grupo. "Até o Pelé foi operado de uma artrose no punho por nossa equipe", lembrou Castropil.
A meta da ONG é conseguir identificar um padrão de lesões de cada modalidade, para elaboração de treinos preventivos. Assim, não serão só os atletas contundidos os beneficiados pelo grupo.
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