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19/08/2004 - 00h41

Técnicos podem sofrer punição em casos de doping

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MARCELO DIEGO
da Folha de S.Paulo, em Atenas (GRE)

O cerco ao doping, uma obsessão do COI (Comitê Olímpico Internacional) em Atenas, não ficará restrito aos atletas. Os técnicos também estão passíveis a severas punições. Esse foi o recado passado ontem pelo conselheiro legal da entidade, o suíço François Carrard, ao anunciar que dois ídolos gregos e seu treinador estavam fora da Olimpíada.

Konstandinos Kenteris, 31, campeão olímpico nos 200 m rasos em Sydney-2000, e Ekaterini Thanou, 29, prata nos 100 m rasos no mesmo ano, foram acusados de violar o procedimento do antidoping. Eles teriam supostamente fugido de um exame preventivo na semana passada.

Depois, alegadamente sofreram um acidente de moto. Só hoje puderam ser ouvidos pelo COI. Antes que um inquérito fosse oficialmente aberto, eles decidiram devolver suas credenciais, ficando excluídos de Atenas-2004.

O técnico Christos Tzekos fez o mesmo. Os três serão investigados pela Iaaf (sigla em inglês para federação internacional de atletismo) e podem ser suspensos.

Oficialmente, eles não receberam nenhuma punição (renunciaram ao direito de competir antes que isso acontecesse) e nem está certo se usaram substâncias ilegais ou não. Para o COI, no entanto, a decisão dos atletas e do treinador soou quase como uma confissão de culpa.

"Estamos mandando uma mensagem clara aos atletas e a toda equipe que os cerca", afirmou Carrard. "Todos os envolvidos nesse e em outros casos devem ser amplamente investigados, incluindo o treinador."

Punir atletas que comprovadamente usaram substâncias ilegais para melhorar o desempenho esportivo é prática disseminada. Já o rigor aos treinadores costumava ser escanteado.

Em Seul-88, o canadense Ben Johnson foi pego no exame antidoping, suspenso e perdeu a medalha de ouro nos 100 m rasos. Ele disse que havia sido induzido ao uso de substâncias proibidas pelo seu treinador, Charlie Francis, que não sofreu punição alguma.

Em outro caso famoso e mais recente, C.J. Hunter, ex-marido de Marion Jones, disse que o ex-técnico da atleta, Trevor Graham, fornecia drogas para melhorar a performance da norte-americana, que ganhou três ouros e dois bronzes em Sydney-2000.

No centro do furacão que atingiu a equipe americana de atletismo, Jones ainda pode ser banida para o resto da vida, embora nunca tenho apresentado resultado positivo nos exames feitos.

Ela chegou a treinar com Francis. E Graham já teve vários atletas suspeitos de doping.

"Desde que nossa luta contra essa prática se intensificou, percebemos que em algumas vezes, não tão raras, o entorno do atleta é tão responsável quanto ele pela violação das regras. E é nossa política tomar medidas punitivas contra isso", afirmou Carrard, relembrando o discurso do presidente do COI, Jacques Rogge, de que os Jogos de Atenas aplicarão "tolerância zero" ao doping.

O suíço declarou que a simples omissão de um membro da equipe já será considerado motivo suficiente para uma punição do Comitê Disciplinar da entidade.

Ainda que a Iaaf julgue e absolva Kenteris, Thanou e Tzekos, eles terão que pedir uma autorização especial para poderem disputar as futuras edições dos Jogos. Os três alegaram inocência nas suspeitas que os envolvem. "Durante os quatro últimos anos, passei por mais de 30 controles, que nunca resultaram em problema", defendeu-se Kenteris.

Por via das dúvidas, os atletas anunciaram também que não trabalharão mais com o treinador Christos Tzekos, que não quis dar declarações sobre os acontecimentos.

Especial
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