Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/08/2004 - 09h33

"Offshore", parceira do Corinthians quer Robinho

Publicidade

EDUARDO ARRUDA
FERNANDO MELLO
RICARDO PERRONE
da Folha de S.Paulo

A futura parceira do Corinthians existe como empresa e tem sede nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal. Quer Robinho como reforço. E, antes mesmo do aval final do Conselho Deliberativo, já tirou o casamento do papel.

As informações são de Kia Joorabchian, 33. Em visita à Folha, o executivo que comanda a Media Sports Investments (MSI) falou sobre reforços, disse que seria "um idiota" se usasse o Corinthians para lavar dinheiro e prometeu dar lucro ao clube sem negociar os principais jogadores.

Folha - Quando a parceria com o Corinthians vai começar?
Kia Joorabchian - Para mim, já começou. Formamos um grupo e já estamos trabalhando. Hoje [quarta-feira] mesmo vou conversar com o Tite. Uma auditoria no clube vai começar a ser feita amanhã [quinta-feira] para verificar se todos os dados apresentados por eles estão corretos. O importante é que o projeto foi aprovado quase que por unanimidade no conselho [340 votos contra 7]. O presidente Alberto Dualib mostrou que tem o comando do Corinthians e que o clube está unido.

Folha - A empresa MSI já existe?
Joorabchian - Nunca enganei o presidente Dualib nem o conselho do Corinthians. Desde o início, afirmei que a MSI estava sendo formada só para essa negociação. Temos um grupo muito grande, que atua em diferentes áreas, como petrolífera, mídia e entretenimento. Não tínhamos nenhuma ligada ao futebol. Então, criamos a MSI, uma "offshore" [empresa que normalmente tem o objetivo de colocar dinheiro e corporações a salvo do controle dos Estados nacionais], nas Ilhas Virgens Britânicas.

Folha - Por que constituir a empresa num paraíso fiscal?
Joorabchian - É uma questão de pagar menos impostos. Não há nada de ilegal nisso. Todas as empresas com investidores de diferentes partes do mundo fazem isso. Não conheço uma que não faça isso, nem o HMTF [ex-parceiro corintiano]. Mas o imposto no Brasil será pago normalmente.

Folha - O maior temor dos conselheiros é que o clube seja usado para lavagem de dinheiro...
Joorabchian - Seria um absurdo fazer isso. Seria um idiota se eu fosse lavar dinheiro no maior clube da América do Sul. Utilizaria uma empresa pequena e em outro setor. Todos vão estar olhando os nossos negócios aqui. Além disso, todos os investimentos serão referendados pelo Banco Central.

Folha - Conselheiros dizem que vão investigá-lo até pela Interpol...
Joorabchian - Não me incomoda, eles estão no papel deles.

Folha - Qual é a sua relação com Boris Berezovski (magnata russo refugiado na Inglaterra)?
Joorabchian - Fizemos negócios seis, sete anos atrás e nos tornamos grandes amigos. Conversei com ele a respeito do Corinthians, mas no momento ele não tem interesse no negócio. Ele tem problemas na Rússia por questões políticas. Na Inglaterra, ele não tem problema nenhum. Hoje, não temos nenhum negócio juntos.

Folha - Quanto a MSI vai investir?
Joorabchian - Inicialmente, US$ 35 milhões. Sabemos que o Corinthians tem dívidas, e parte desse dinheiro vai ser usado para isso. Depois, vai depender de como estará a situação financeira do clube e de quão forte estará o time. Não há nenhum valor estipulado de investimentos em contratações. Vamos decidindo ao longo do tempo. Temos algumas metas. A primeira é transformar o Corinthians no número um da América do Sul. Para o social, são US$ 200 mil/mês no primeiro ano.

Folha - Quem ficará com o lucro?
Joorabchian - Será da seguinte forma: 51% para o nosso grupo e 49% para o clube. Se houver prejuízo, ele é todo nosso.

Folha - O Renato Duprat e a Carla Dualib receberão comissão?
Joorabchian - Ele é nosso diretor. A Carla, o Corinthians decide.

Folha - Qual o motivo de o Corinthians ter sido escolhido?
Joorabchian - O futebol brasileiro tem um grande potencial de crescimento, o país também. E o Corinthians é o time mais importante. A sua torcida é fantástica e apaixonada. Vi muitos jogos na Inglaterra e digo que 35 mil torcedores do Arsenal não fazem o barulho de dez mil corintianos.

Folha - Como vocês pretendem ganhar dinheiro no Brasil?
Joorabchian - Sei que as oportunidades no futebol diminuíram, no Brasil e na Europa, mas o jogador brasileiro é fantástico. É impressionante a quantidade de atletas exportados pelo país.

Folha - A única solução é vender atletas para o exterior?
Joorabchian - É uma saída, mas não a única. Não precisamos vender todos, senão a equipe entra em colapso. Tem que haver um equilíbrio. Vende alguns e os repõe. Os que ficam têm de ser explorados comercialmente.

Folha - Fale sobre as contratações que pretende fazer.
Joorabchian - Virão três ou quatro jogadores fortes. Mas posso dizer que o Zidane está velho, senão viria (risos).

Folha - Diga ao menos um nome.
Joorabchian - Gosto do Robinho, acho incrível o que ele é capaz de fazer com a bola. As contratações dependem do treinador. Mas, se um técnico for contra trazer o Robinho, é melhor trocá-lo. Esperamos o Robinho em janeiro [o santista tem contrato até 2007, e a multa rescisória para clubes do exterior é de US$ 50 milhões].

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o atacante Robinho
  • Leia o que já foi publicado sobre parcerias do Corinthians
  • Leia o que já foi publicado sobre o Corinthians no Brasileiro
  • Leia mais notícias no especial do Brasileiro-2004
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página