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22/01/2004
-
03h55
da Folha de S.Paulo
"[O personagem] Antônio Biá lembra o brasileiro comum, que não sabe o que fazer com sua história: Vou gravar? Vou escrever? Saberei escrever?"
A opinião é da historiadora Mary del Priore, que anteontem participou de debate com a diretora Eliane Caffé e o ator José Dumont sobre o filme "Narradores de Javé". O encontro, promovido pela Folha, pela Bananeira Filmes e pela Cinemateca Brasileira, teve participação do público que, antes, assistiu a exibição do filme.
Del Priore afirmou que a história oral está incluída na definição de patrimônio imaterial e citou decreto federal editado em 2000, pelo qual o Brasil, para preservar esse patrimônio, permite e prevê o tombamento inclusive de pessoas detentoras de um saber específico (como um determinado ponto de crochê ou uma história contada oralmente).
A diretora Eliane Caffé contou que, para a elaboração do roteiro, feito a quatro mãos com Luís Alberto de Abreu, a dupla realizou diversas expedições pelo interior baiano e mineiro.
Caffé disse que seu filme procura se distinguir da produção brasileira recente ao incorporar os conhecimentos adquiridos no "corpo a corpo" com as populações sertanejas. Na opinião da cineasta, os artistas nacionais têm o hábito de usar só suas referências mais próximas nas criações.
"Narradores de Javé" foi filmado no povoado de Gameleira, no interior da Bahia. A pedido da platéia, a diretora descreveu o processo de seleção e de filmagens com o elenco local que participa do filme.
"O que ajuda um não-ator a entrar na verdade da cena é contracenar com um ator que também faz de verdade", disse a diretora, elogiando Dumont e Gero Camilo, também presente ao debate.
Para Dumont, seu personagem --o Biá que lembra o povo brasileiro, segundo Del Priore-- aprende, ao longo do filme, que "a grande história está nas pequenas histórias das pessoas".
Depois do filme, os moradores de Gameleira querem fazer uma mudança em sua história, alterando o nome da cidade para Javé. "Eles deram início a um movimento pela troca", disse Caffé.
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"[O personagem] Antônio Biá lembra o brasileiro comum, que não sabe o que fazer com sua história: Vou gravar? Vou escrever? Saberei escrever?"
A opinião é da historiadora Mary del Priore, que anteontem participou de debate com a diretora Eliane Caffé e o ator José Dumont sobre o filme "Narradores de Javé". O encontro, promovido pela Folha, pela Bananeira Filmes e pela Cinemateca Brasileira, teve participação do público que, antes, assistiu a exibição do filme.
Del Priore afirmou que a história oral está incluída na definição de patrimônio imaterial e citou decreto federal editado em 2000, pelo qual o Brasil, para preservar esse patrimônio, permite e prevê o tombamento inclusive de pessoas detentoras de um saber específico (como um determinado ponto de crochê ou uma história contada oralmente).
A diretora Eliane Caffé contou que, para a elaboração do roteiro, feito a quatro mãos com Luís Alberto de Abreu, a dupla realizou diversas expedições pelo interior baiano e mineiro.
Caffé disse que seu filme procura se distinguir da produção brasileira recente ao incorporar os conhecimentos adquiridos no "corpo a corpo" com as populações sertanejas. Na opinião da cineasta, os artistas nacionais têm o hábito de usar só suas referências mais próximas nas criações.
"Narradores de Javé" foi filmado no povoado de Gameleira, no interior da Bahia. A pedido da platéia, a diretora descreveu o processo de seleção e de filmagens com o elenco local que participa do filme.
"O que ajuda um não-ator a entrar na verdade da cena é contracenar com um ator que também faz de verdade", disse a diretora, elogiando Dumont e Gero Camilo, também presente ao debate.
Para Dumont, seu personagem --o Biá que lembra o povo brasileiro, segundo Del Priore-- aprende, ao longo do filme, que "a grande história está nas pequenas histórias das pessoas".
Depois do filme, os moradores de Gameleira querem fazer uma mudança em sua história, alterando o nome da cidade para Javé. "Eles deram início a um movimento pela troca", disse Caffé.
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