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17/02/2004
-
08h31
colunista da Folha
Punk, dinheiro e bactérias. Leia entrevista com Dexter Holland, do Offspring.
Folha - Como você descreveria esse "Splinter"?
Dexter Holland - Uma mistura de canções punk rápidas e grudentas, típicas do Offspring, com músicas que vão a diferentes lugares, como o reggae, o rock tradicional e hip hop.
Folha - Do que trata a música "Hit That"?
Holland - "Hit That" tem corpo de hip hop e refrão punk. A história da letra é sobre a desintegração da família. Todos os pais e mães da banda são divorciados. Nossas famílias foram divididas em duas partes. Hoje todos os nossos pais têm quatro filhos com três pessoas diferentes. Nossa família é dividida em cinco, seis partes. É uma bagunça. O conceito de família, de laços, está desaparecendo.
Folha - O histórico terceiro álbum, "Smash", o mais vendido disco independente da história, completa dez anos neste ano...
Holland - É incrível ver que "Smash" tem dez anos. Fico muito feliz e orgulhoso que ele tenha essa fama que dizem. Quando o disco ficou pronto, achei que ele iria ser significativo de alguma forma, mas não dessa maneira. Por outro lado, é esquisito perceber que estamos velhos. O Offspring tem 20 anos, "Smash" tem dez. Não faremos comemorações especiais. Talvez uma festa.
Folha - Como você vê o punk rock atual, que virou trilha sonora favorita de seriado e está impregnado do desespero 'emo' [tipo de hardcore 'sensível']?
Holland - A música está sempre mudando. Hoje a garotada acha que o punk rock é o que bandas como Sum 41 e Good Charlotte fazem. Mas, se essas músicas são importantes para eles de alguma forma, acho que faz todo o sentido. É o jeito de a música sobreviver diante das expectativas que sua época exige. Mas o punk de hoje já não tem mais a ver com o punk do Offspring e já está muito distante do que fizeram os Pistols. Aí você percebe que está velho.
Folha - Essa apareceu no site do Offspring na internet, em um bate-papo entre fãs e a banda: vocês venderam milhões de discos, viajaram o mundo, ganharam bastante dinheiro e têm jato particular. Vocês ainda podem ser chamados punks?
Holland - Respondo muito essa pergunta. O que quer que o punk seja considerado, acho que não tem nada a ver com vender discos ou como você consiga dinheiro através dele. No caso do Offspring, é fazer músicas que representem um olhar desconfiado de como vemos o mundo. Um olhar juvenil, pessoal e incrédulo de como as coisas são conduzidas. Isso é o punk do Offspring. Nossas vendagens parecem contradizer isso, mas sempre mantivemos o discurso punk.
Folha - O que você se lembra dos shows do Brasil, em 97 e 99?
Holland - A lembrança de fãs completamente insanos. Tocar na América do Sul é melhor do que nos EUA. Precisamos de uma reação do público que muitas vezes só encontramos aí, no Japão e na Inglaterra.
Folha - Quando o Offspring desaparece da cena, você vive trancado em um laboratório, lidando com microbiologia, não?
Holland - Um pouco. Estudei biomedicina por muito tempo, mas essa vida fazendo shows, estúdio me afasta de coisas como livros. De vez em quando me pego trancado em casa durante dias, lendo sobre bactérias. Tenho um laboratório em casa. Isso eu acho punk.
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Offspring não se prende a gênero que o consagrou
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Folha - Do que trata a música "Hit That"?
Holland - "Hit That" tem corpo de hip hop e refrão punk. A história da letra é sobre a desintegração da família. Todos os pais e mães da banda são divorciados. Nossas famílias foram divididas em duas partes. Hoje todos os nossos pais têm quatro filhos com três pessoas diferentes. Nossa família é dividida em cinco, seis partes. É uma bagunça. O conceito de família, de laços, está desaparecendo.
Folha - O histórico terceiro álbum, "Smash", o mais vendido disco independente da história, completa dez anos neste ano...
Holland - É incrível ver que "Smash" tem dez anos. Fico muito feliz e orgulhoso que ele tenha essa fama que dizem. Quando o disco ficou pronto, achei que ele iria ser significativo de alguma forma, mas não dessa maneira. Por outro lado, é esquisito perceber que estamos velhos. O Offspring tem 20 anos, "Smash" tem dez. Não faremos comemorações especiais. Talvez uma festa.
Folha - Como você vê o punk rock atual, que virou trilha sonora favorita de seriado e está impregnado do desespero 'emo' [tipo de hardcore 'sensível']?
Holland - A música está sempre mudando. Hoje a garotada acha que o punk rock é o que bandas como Sum 41 e Good Charlotte fazem. Mas, se essas músicas são importantes para eles de alguma forma, acho que faz todo o sentido. É o jeito de a música sobreviver diante das expectativas que sua época exige. Mas o punk de hoje já não tem mais a ver com o punk do Offspring e já está muito distante do que fizeram os Pistols. Aí você percebe que está velho.
Folha - Essa apareceu no site do Offspring na internet, em um bate-papo entre fãs e a banda: vocês venderam milhões de discos, viajaram o mundo, ganharam bastante dinheiro e têm jato particular. Vocês ainda podem ser chamados punks?
Holland - Respondo muito essa pergunta. O que quer que o punk seja considerado, acho que não tem nada a ver com vender discos ou como você consiga dinheiro através dele. No caso do Offspring, é fazer músicas que representem um olhar desconfiado de como vemos o mundo. Um olhar juvenil, pessoal e incrédulo de como as coisas são conduzidas. Isso é o punk do Offspring. Nossas vendagens parecem contradizer isso, mas sempre mantivemos o discurso punk.
Folha - O que você se lembra dos shows do Brasil, em 97 e 99?
Holland - A lembrança de fãs completamente insanos. Tocar na América do Sul é melhor do que nos EUA. Precisamos de uma reação do público que muitas vezes só encontramos aí, no Japão e na Inglaterra.
Folha - Quando o Offspring desaparece da cena, você vive trancado em um laboratório, lidando com microbiologia, não?
Holland - Um pouco. Estudei biomedicina por muito tempo, mas essa vida fazendo shows, estúdio me afasta de coisas como livros. De vez em quando me pego trancado em casa durante dias, lendo sobre bactérias. Tenho um laboratório em casa. Isso eu acho punk.
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