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22/06/2004 - 07h42

Festival espanhol Sónar alarga fronteiras da arte digital

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DIEGO ASSIS
enviado especial a Barcelona

Áudio e vídeo, digital e analógico, real e imaginário, o 11º Festival Sónar de Música Avançada e Arte Multimídia de Barcelona, realizado em 17, 18 e 19 na cidade catalã, lançou mais uma pedra contra as fronteiras que ainda insistem em dividir as diversas faces da arte.

Desde o seu nascimento, o festival espanhol, que terá sua primeira edição entre 9 e 12 de setembro em São Paulo, vem batendo na tecla --hoje um pouco mais amaciada-- de que música eletrônica também é arte de vanguarda.
Nesse sentido, oferece uma série de eventos simultâneos, como mostras de cinema, exposições de multimídia, além de um tratamento especial dado a VJs e designers de luz e som que tornam as partes inseparáveis do todo nas apresentações dos artistas.

"Penso que a música não caminha sozinha. Design gráfico, arte digital, web design, cinema, todas essas áreas estão ligadas a som e tecnologia hoje. Algumas delas usam muitas vezes a mesma ferramenta, que é o computador", afirma Enric Palau, 39, um dos três criadores do Sónar.

As evidências desse sincretismo estão em toda parte. Seja com o experiente DJ Jeff Mills, que usou pela primeira vez um DVD player como pick-up, interferindo sobre som e imagem ao mesmo tempo. Seja com o coletivo de VJs No-Domain, que resolveu abandonar a lata de spray para "grafitar" os sets de hip hop usando um laptop.

As sobreposições incluem ainda, entre outros tantos exemplos, um concerto da Orquestra Sinfônica de Barcelona e Nacional de Catalunha em que a música erudita serviu de base para as improvisações em tempo real de magos da eletrônica como Ryuichi Sakamoto e o finlandês Pan Sonic.

Há tempos, o Sónar vem quebrando outra barreira: a do preconceito. Neste ano, deu espaço enorme ao hip hop underground e também ao funk carioca.

"É muito interessante a mistura que o DJ Marlboro faz de electro com miami bass, acrescentando um tempero brasileiro", elogia Palau, que além do DJ carioca, levou ainda à Espanha Instituto, Nego Moçambique e DJ Patife.

Sociedade alternativa

Mais que o batidão carioca, uma das maiores ousadias do Sónar deste ano talvez tenha sido a curiosa Exposição Universal de Micronações, que reuniu em um só lugar algumas das mais importantes manifestações recentes desse cruzamento entre arte, tecnologia e ativismo.

Inspirada em um evento semelhante promovido na Finlândia em agosto de 2003, a mostra selecionou cinco diferentes expoentes desses movimentos --o coletivo esloveno NSK, "primeira nação global de todos os tempos"; os provocadores austríacos do State of Sabotage, que se ocupa em "colecionar territórios"; os virtuais Evrugo Mental State e The Kingdoms of Eargaland & Vargaland, que reivindica como suas "todas as áreas de fronteiras entre todos os países"; e finalmente o instigante Principality of Sealand, plataforma marítima inglesa ocupada em 1967 pelo autoproclamado Príncipe Roy Bates, e que há décadas se diz um país independente, com 27 habitantes e renda anual per capita de US$ 22 mil.

"Foi a primeira vez que trouxemos algo mais conceitual do que visual para uma exposição no Sónar. Há muita discussão em torno de fronteiras e territórios no mundo hoje. Acho interessante ver essa questão sob o ponto de vista de um artista que cria seu próprio país, moeda, língua etc."

Infelizmente, pelo menos neste ano, as micronações do Sónar não cruzarão o Atlântico para participar do evento brasileiro --leia os destaques ao lado. "Talvez no próximo ano. Acha que seria interessante?", pergunta Palau.

Enquanto a resposta não vem, uma rápida busca na internet pode ajudar quem quiser romper mais essa fronteira.

O jornalista Diego Assis viajou ao 11º Sónar a convite do Nokia Trends

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