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25/08/2006 - 11h04

Figurinista de "O Diabo Veste Prada" critica grife e elogia 25 de Março

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TETÉ RIBEIRO
Colaboração para a Folha de S.Paulo, em Nova York

Ela gosta da 25 de Março e da José Paulino, ruas de comércio popular em São Paulo. Acha que os brasileiros deveriam parar de imitar os outros. E, apesar de ter vestido as personagens do filme que leva o nome da grife, não gosta da Prada.

Divulgação
Estilista elogiou moda de rua brasileira
Estilista elogiou moda de rua brasileira
Sem travas na língua, essa é a figurinista e estilista americana Patricia Field, famosa por ter vestido as personagens do seriado "Sex and the City" e que está agora por trás dos figurinos de "O Diabo Veste Prada", que estréia no Brasil no dia 22 de setembro.

O filme é baseado no livro homônimo da jornalista Lauren Weisberger, inspirado nos três anos em que ela trabalhou como assistente de Anna Wintour, a lendária diretora de redação da "Vogue" americana.

No filme, Meryl Streep faz Miranda Priestly, a personagem baseada em Wintour, um dos nomes mais poderosos da indústria da moda, e Anne Hathaway vive Andy Sachs, sua assessora, que aos poucos passa por um "extreme makeover" para entrar em sintonia com o mundo da moda.

Leia a seguir, a entrevista de Patricia Field à Folha.

Folha - Você se baseou no modo como a Anna Wintour se veste?

Patricia Field - Absolutamente não. Anna Wintour não foi uma inspiração para mim. Nem acho que ela seja tão estilosa assim. Estava pensando mais no estilo de Audrey Hepburn em "Bonequinha de Luxo".

Folha - Teve alguma peça que Meryl Streep se recusou a usar ou que ela fez questão de usar, sem que você aprovasse?

Patricia - Ela não disse "não" a nenhum figurino, mas tem uma coisa que ela gosta e eu detesto, que é meia-calça. Acho meias-calças transparentes hediondas. Mas Meryl me convenceu, quando disse que as pernas dela seriam vistas em uma tela de cinema e que ela ficaria mais tranqüila com uma meia-calça.

Folha - Entre as roupas que ela usou havia muitas peças Prada?

Patricia - Não muitas. Ela usa um terno Prada em Paris, alguns sapatos e, no comecinho do filme, uma bolsa. Usei várias grifes para a personagem de Meryl, como Valentino, Donna Karan e Bill Blass.

Divulgação
Meryl Streep vive Miranda Priestly no filme
Meryl Streep vive Miranda Priestly no filme
Folha - O que você acha que faz da Prada uma marca tão forte?

Patricia - O filme não seria o que é se o título fosse "O Diabo Veste Polo". Na última década a Prada virou um símbolo de poder. Eu particularmente acho que as roupas da grife são muito rígidas. E isso é muito compatível com o tempo em que vivemos, conservador e cheio de regras. É o oposto das roupas de Roberto Cavalli, por exemplo. A maioria das pessoas acha que a Cavalli faz uma roupa sem classe. E são essas as pessoas que gostam da Prada.

Folha - É verdade que alguns designers não quiseram que suas roupas aparecessem no filme?

Patricia - É, alguns deles ficaram com medo de se associar a um filme que de certa maneira critica a indústria da moda e, principalmente, por medo de um boicote de Anna Wintour.
Folha - Quem são?

Patricia - Prefiro não citar nomes, mesmo porque não vou botá-los em uma lista negra.

Folha - E quais estilistas você usou para vestir a personagem de Anne Hathaway, quando ela se transforma em uma fashionista?

Patricia - Quase metade do que ela usa é Chanel. A marca se interessou por vesti-la, e eu achei maravilhoso. Mas também usei muito Calvin Klein e Dolce & Gabbana, entre outros.

Folha - A personagem dela perde peso no curso de sua transformação. Ser magra é absolutamente necessário para ser elegante?

Patricia - Hoje em dia é muito importante ser magra, mas é uma moda que pode chegar até um certo limite. Depois fica feio e acaba passando. Ser gorda nunca vai voltar à moda, mas acho que a idéia é que as pessoas pareçam saudáveis, essa vai ser a nova onda.

Folha - E como você escolheu as roupas da Gisele Bündchen, que faz uma ponta no filme?

Patricia - Quis fazer o oposto do que ela é: irresistível e sexy. Então escolhi roupas sóbrias, prendi o cabelo e botei óculos.

Folha - Quantas vezes você já foi ao Brasil?

Patricia - Pelo menos dez, eu gosto muito de São Paulo. A primeira vez que eu fui ao Brasil foi a convite de Alexandre Herchcovitch, nos anos 90. Gostei, voltei e comecei a comprar roupas lá para a minha loja em Nova York.

Folha - Que tipo de roupas?

Patricia - Quase nada dos designers, porque a minha loja é mais popular e mais voltada ao público jovem, mas gosto muito do que vejo nas ruas 25 de Março e José Paulino.

Folha - Você viu os desfiles de outros estilistas brasileiros recentemente. O que achou?

Patricia - A moda brasileira perde quando tenta repetir o que acontece em Paris ou Nova York, e vejo que muitos dos estilistas fazem isso. A maioria dos designers brasileiros pensa mais no estilo francês de vestir do que no gosto local. As roupas que eu vejo nas ruas do Brasil são muito mais divertidas e sexies. As pessoas têm menos medo de mostrar o corpo.

Folha - Herchcovitch é um estilista brasileiro nesse sentido?

Patricia - Não, ele não reflete exatamente o Brasil, mas é um artista verdadeiro, é um estilista completamente original. Vive dentro de uma bolha de fantasias e vê o mundo de uma forma completamente diferente.

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