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27/01/2009 - 07h44

Vitória apertada do referendo prejudica governabilidade de Morales na Bolívia

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da Folha Online

A aprovação do referendo constitucional na Bolívia, realizado no domingo (25), foi considerada uma conquista do presidente, Evo Morales. Mas com uma vitória aparentemente apertada do governo, obteve 56,8% de respaldo, com 49,7% do total de urnas apurado, o referendo destaca a divisão do poder no país e agrava a governabilidade de Morales em partes do país.

Segundo dados da de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (26) pela Corte Nacional Eleitoral (CNE), o projeto constitucional promovido pelo governo de Morales tem 1.024.649 votos, enquanto o texto era rejeitado por 778.320 bolivianos, ou 43,1% do total.

Entenda os pontos polêmicos da nova Constituição da Bolívia

Do ponto de vista de Morales, a vitória é suficiente, não importa sua margem, mas complicada. Ele perdeu alguns pontos em relação a votações anteriores e enfrenta maior oposição nas zonas urbanas. A Constituição foi referendada por um grupo no qual o presidente é muito popular, as zonas rurais e campesinas, com 82% a favor e 18% contra, segundo dados do jornal espanhol "El Pais".

Já nas cidades, o apoio foi significativamente menor, 52% frente a 48%, um resultado atribuído ao temor criado pela nova Carta Magna na classe média mestiça.

A oposição que apostou no "não" saiu vitoriosa em quase a metade do país e agora reclama também um papel nessa refundação do país, aproveitando a recuperação de um péssimo resultado no chamado referendo revogatório há cerca de um ano.

Texto

O texto aprovado reforça o papel do Estado, consolida a nacionalização de recursos, permite a reeleição presidencial (que potencialmente permitirá a Morales ficar no cargo até 2015), reforça os poderes dos indígenas, que compõem 47% dos 10 milhões de bolivianos.

Segundo os analistas, os resultados preliminares obrigam o governo e a oposição regional a discutir espaços de consenso para aplicar a nova Carta Magna, que exige mais cem leis para ser implementada.

As quatro regiões onde é certo o triunfo do "não" --Santa Cruz, Beni, Tarija e Pando-- reclamam, principalmente, que o governo reconheça as autonomias departamentais aprovadas por cada um deles, em referendos declarados ilegais pelo governo central.

O referendo de domingo demonstrou que a oposição a Morales permanece intacta nessas regiões.

Evo Morales, defendeu nesta segunda-feira que os prefeitos (governadores) da oposição se aproximem do governo, para discutir um pacto nacional. "Ouvi [os prefeitos] dizerem que querem fazer um novo pacto, o pacto é a Constituição, o pacto é para aplicar a Constituição", declarou Morales, discursando durante a inauguração de uma escola pública na cidade de Cochabamba (centro da Bolívia).

A vitória de Morales se sustenta, principalmente, pelo voto das regiões andinas de Oruro, La Paz e Potosí, além das áreas rurais de outros departamentos, que o apoiam fielmente.

A nova Carta Magna, que centraliza o poder no Estado federal e beneficia enormemente os setores indígenas da população, deve ser promulgada pelo presidente Morales assim que forem divulgados os resultados oficiais --o que provavelmente ocorrerá no final de semana, já que a contagem dos votos é realizada manualmente.

Antes da votação, Morales afirmava que seu projeto constitucional seria aprovado com mais de 70% dos votos. Com a aprovação da nova Carta, a Bolívia realizará eleições presidenciais em dezembro deste ano, nas quais Morales se candidatará à para um novo mandato de cinco anos.

 

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