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12/08/2003 - 10h54

Número de mortes por onda de calor na Europa pode chegar a 145

da France Presse, em Roma e em Paris
da Folha Online

A onda de calor que atinge a Europa, registrando recordes de temperaturas em alguns países e causando incêndios, pode ter matado, desde o final de julho, 145 pessoas --cem na França e 45 no resto do continente.

Uma entidade de médicos franceses e o Ministério da Saúde da França travam uma disputa sobre o número de mortos por causa da onda de calor no país. Segundo Patrick Pelloux, responsável pela associação dos médicos em setores de emergência, são pelo menos cem mortes. Com isso, o número de vítimas do calor e dos incêndios na Europa saltaria para 145.

Pelloux declarou hoje que mais de cem pessoas já morreram no país devido ao calor. Ele acrescentou que usou as mesmas referências para calcular este número que as utilizadas para o balanço que anunciou no domingo (10) em relação às proximidades de Paris.

"Primeiro disseram que mentia e depois, ontem, admitiram que era verdade", disse o médico, que no domingo afirmou que 50 pessoas morreram devido ao calor nos quatro dias anteriores. O número foi confirmado ontem por Pierre Carli, responsável pelos serviços de emergência (Samu) de Paris.

Sobre o plano de ação contra o calor extremo (Pace) instaurado pelas autoridades nas proximidades de Paris, o médico declarou: "É melhor do que nada. O problema é que já não é suficiente. Pedimos ajuda ao Exército e à Cruz Vermelha".

Diretores de instituições geriátricas denunciaram hoje a "carência crônica" de pessoal trabalhando no setor na França, que é de três a quatro vezes menor que nos países vizinhos. O resultado é que, com o extremo calor, as mortes de idosos aumentaram em demasia.

Uma forte contaminação com ozônio e dióxido de carbono foi detectada às 12h em Paris (7h em Brasília), onde o termômetro beirou os 40ºC, o que levou a acionar o nível de alerta por contaminação atmosférica com dióxido de carbono, gás com efeito estufa expelido pelo escapamento dos carros e chaminés de fábrica.

Espanha

Três mil e seiscentos hectares (área equivalente a 4.320 campos de futebol) foram atingidos pelo fogo em dois dias em Sant Llorenc Savall e Gallifa (Província de Barcelona, Catalunha). O incêndio causou a morte de cinco pessoas, informaram hoje as autoridades espanholas.

Duas pessoas --um homem de 62 anos, em Saragoza, e uma octogenária, em Córdoba-- morreram devido à onda de calor que assola a Espanha, informou hoje o governo da região de Aragão e um hospital.

Com mais estas mortes, aumenta para 24 o número de vítimas na Espanha causadas pelo calor desde a última semana de julho --sem contar as que morreram devido a patologias agravadas pelas altas temperaturas.

De acordo com as previsões do Instituto Espanhol de Meteorologia, as temperaturas devem cair a partir de quinta-feira (14) --10ºC no noroeste e de 4ºC a 5ºC no restante do país.

Itália

Recordes absolutos de calor são registrados no norte e no centro da Itália, com níveis de umidade que se aproximam dos 100%, indicou hoje o serviço meteorológico nacional italiano.

"Em Milão, a temperatura chegou aos 39,3ºC na segunda-feira e a umidade atingiu os 95%, algo que representa um índice de mal-estar muito elevado para a população", disse o coronel do Exército do ar Massimo Capaldo, diretor da Rede Nacional de Estações Meteorológicas.

Na capital lombarda, o nível de alerta da saúde pública ultrapassou os limites recomendáveis há vários dias. A imprensa atribui ao calor a morte de 15 pessoas, oito em Milão e sete em Turim.

Capaldo afirmou que o "termômetro se mantém sem interrupção acima dos 30ºC desde o início de agosto e, inclusive, acima dos 32ºC em Milão, algo que constitui um fato absolutamente anormal".

Além de Milão, foram registradas temperaturas excepcionais em todo o norte do país; em Veneza (35,6ºC), em Gênova (35ºC), em Turim (37,1ºC) e em Trieste (37,2ºC). No centro, em Florença, foi registrada uma máxima de 41,1ºC e, em Roma, 36,8ºC, segundo a mesma fonte.

As estatísticas de calor excessivo da Força Aérea remontam a 1950, mas em Milão não faz tanto calor desde 1763 e, em Turim, desde 1750.

Centrais nucleares e energia elétrica

A segurança foi reforçada nas centrais nucleares da França e da Alemanha devido às altas temperaturas, enquanto os governos tomam medidas para evitar problemas no abastecimento de energia elétrica.

As principais centrais nucleares da França e Alemanha foram autorizadas, desde a semana passada, a escoar para os rios ou para o mar as águas que usam para o esfriamento de suas centrais, devido às difíceis condições de abastecimento de energia elétrica provocadas pelo calor.

No norte da Alemanha, as centrais nucleares reduziram nos últimos dias sua produção para evitar os riscos de aquecimento, mas não tiveram necessidade de pedir concessões em relação a suas águas de refrigeração.

A companhia de Eletricidade da França (EDF), que tem o monopólio da produção de energia elétrica, obteve ontem o direito a verter nos rios ou no mar a água que utiliza para esfriar suas centrais elétricas e principalmente nucleares a uma temperatura mais elevada que o normal, o que causou protestos dos ecologistas.

A produção de energia elétrica na França depende 80% das centrais nucleares, uma situação denunciada pelos ecologistas.

Portugal

Pelo quarto dia consecutivo, as chamas atingiram o maciço rochoso de serra de Monchique, no extremo sul de Portugal, sem que os bombeiros consigam controlar o fogo.

Desde o final de julho, os gigantescos incêndios já deixaram 15 mortos e quase 200 mil hectares destruídos (área equivalente a 240 mil campos de futebol), com perdas estimadas em 1 bilhão de euros (US$ 1 bi, ou R$ 3 bi, aproximadamente).

Segundo o ministro da Securidade Social, Antonio Bagao Felix, 85 famílias perderam total ou parcialmente suas moradias, enquanto 240 pessoas ficaram sem trabalho.

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