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09/02/2005 - 16h31

Professor compara vítimas de 11/9 a criminosos nazistas

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EMILIA BERTOLLI
da Folha Online

Um professor da Universidade do Colorado ganhou atenção durante uma palestra na noite desta terça-feira quando comparou as vítimas dos atentados de 11 de Setembro a criminosos do regime nazista, de Adolf Hitler (1889-1945). A resposta do público, formado por 1.200 pessoas, foi uma seqüência de aplausos calorosos.

"É verdade, eles eram civis... Mas inocentes? Eles formavam uma unidade militar tecnocrata no coração do império financeiro global", afirmou o professor.

Em seu artigo, mais tarde ampliado para se tornar um livro, Churchill diz que as vítimas dos ataques às torres gêmeas do World Trade Center não podem ser vistas como inocentes, "são como pequenos Eichmanns", disse --referindo-se ao criminoso de guerra nazista Adolf Eichmann, comandante que organizou a deportação dos judeus para os campos de concentração.

Sobre o Eichmann, o professor disse que ele "não necessariamente concordava com os objetivos nazistas a respeito dos judeus, mas desempenhou suas funções de forma brilhante", afirmou durante a palestra, segundo a agência de notícias Associated Press. "Esse é Eichmann. O Holocausto não poderia ter acontecido sem a participação dele", acrescentou.

/Ed Andrieski/AP
Segurança foi reforçada durante palestra de Churchill, que foi ameaçado de morte
Peter Caughy, relações públicas da universidade, disse à Folha Online, por telefone, que o público se dividia entre cidadãos locais interessados no assunto e estudantes da universidade. Mais de cem jornalistas acompanharam a palestra de Ward Churchill, ativista político e também defensor dos direitos humanos dos índios americanos.

Essa não é a primeira vez que o professor Churchill apresenta sua tese ao meio acadêmico americano. Logo depois do 11 de Setembro, ele escreveu um ensaio no qual afirmava que os terroristas realizaram os atentados "contra a agressiva política externa americana no Oriente Médio e a campanha genocida no Iraque", por meio das sanções impostas ao país desde a Guerra do Golfo (1991).

Além de professor, Churchill dirigiu o departamento de estudos étnicos da Universidade de Colorado até 31 de janeiro passado.

Churchill também disse durante seu discurso que as sanções da ONU (Organização das Nações Unidas) contra o Iraque mataram ao menos 500 mil crianças no país. "Se alguém me perguntar se eu sinto tristeza pelas vítimas de 11 de Setembro, responderei que sim", afirmou. "Vamos começar com as crianças. Sim, elas são inocentes, e eu lamento por elas. Mas não são mais inocentes que meio milhão de crianças iraquianas."

Impedimento

Antes de fazer a palestra na noite desta terça-feira, Churchill já havia entrado com uma ação para garantir sua apresentação. "A universidade queria cancelar o evento, depois de o professor ter recebido ameaça contra sua vida e a de seus assistentes", afirmou Caughy, acrescentando que o governador do Colorado, Bill Owens, pediu para que Churchill fosse demitido.

"A Mesa dos Regentes [o conselho diretor da instituição] está estudando a situação do professor... Mas ele continua ministrando suas aulas normalmente", disse Caughy.

Sobre a questão delicada de sua possível demissão, Churchill disse que não responde nem a Bill Owens nem à Mesa dos Regentes. "Os regentes devem fazer o seu trabalho e deixar que eu faça o meu", afirmou o professor durante a conferência de ontem.

Aproximadamente 24 policiais ficaram a postos, do lado de fora da universidade, esperando o fim do discurso de Churchill, que durou 35 minutos. "Era necessária a presença dos policiais devido às ameaças [de morte]", disse o assessor da universidade.

A assembléia que representa os professores classificou a palestra como "controversa, ofensiva e odiosa", mas afirmou, também, que Churchill tem o direito de fazê-la, baseado no princípio de liberdade acadêmica.

Com agências internacionais

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