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24/06/2005 - 22h13

Ultraconservador vence eleições presidenciais no Irã

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da Folha Online

O ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad, 47, ganhou o segundo turno das eleições presidenciais no Irã, disputado com o conservador moderado Akbar Hachemi Rafsandjani, anunciou nesta sexta-feira o Ministério do Interior iraniano.

De acordo com o ministério, dos 24,8 milhões de votos apurados, Ahmadinejad ficou com 61,8% e Rafsanjani, com 35,7%, frustrando as expectativas de uma disputa acirrada. Pouco mais de um milhão de votos ainda não foram apurados, o que torna impossível uma virada de Rafsandjani.

Raheb Homavandi/Reuters
Mahmoud Ahmadinejad, presidente eleito no Irã
O ministério divulgou um comunicado anunciando a vitória de Ahmadinejad-- que representa uma grande ameaça às reformas no país e à aproximação com o Ocidente, e deve levar o país de volta às restrições implantadas após a Revolução Islâmica (1979).

No primeiro turno, realizado na última sexta-feira (17), quando concorreram com mais outros cinco candidatos, Rafsanjani recebeu apenas 21% dos votos, e Ahmadinejad, 19,5%.

Segundo o ministério, cerca de 26 milhões --ou 56% dos 47 milhões de eleitores-- foram às urnas. No primeiro turno, 63% dos eleitores compareceram para votar.

Os postos eleitorais foram fechados às 23h (15h30 de Brasília) desta sexta-feira no Irã, após quatro horas de prorrogação. A votação estava prevista para terminar às 19h (11h30 de Brasília), mas foi prorrogada cinco vezes pelo Ministério do Interior, devido ao grande número de eleitores que compareceram para votar.

Programa nuclear

As relações internacionais são pouco priorizadas por Ahmadinejad, que é o atual prefeito de Teerã e recebeu o apoio do aiatolá Ali Khamenei.

Ahmadinejad deve ser um negociador duro nas conversas com a Europa a respeito de seu programa nuclear, que os Estados Unidos acusam de ter o objetivo de desenvolver armas nucleares. O Irã alega que o programa visa apenas a produção de energia.

Apesar do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei , ter a última palavra nas questões políticas do país, um presidente linha-dura deve remover a influência moderada nas decisões, exercida pelo atual presidente reformista Mohammad Khatami, desde 1997.

"Esse resultado fecha as portas para uma melhora nas relações entre o Irã e os estados Unidos", afirmou Karim Sadjadpour, analista do grupo de crise internacional baseado no Irã.

"Eu acredito que Ahmadinejad é menos propenso a se comprometer no que diz respeito à questão nuclear, mas ainda não é possível prever até onde irá a sua influência nesta questão", disse ainda Sadjadpour.

Os americanos iniciaram um bloqueio comercial e diplomático contra o Irã em 1981, que também é acusado pelos EUA de financiar grupos terroristas.

O presidente eleito já criticou os atuais negociadores iranianos, afirmando que eles fazem muitas concessões à Europa --particularmente no que diz respeito ao programa de enriquecimento de urânio. Os EUA e a União Européia (UE) já demonstraram preocupação com a posição de Ahmadinejad em relação ao programa nuclear.

Reformas

À frente do governo na capital do país, Ahmadinejad se empenhou em desfazer as reformas realizadas pelos moderados que o antecederam no cargo.

Ex-membro das forças especiais da milícia Guarda Revolucionária, ele tem um estilo de vida simples, promete acabar com a corrupção e redistribuir a riqueza originada pela produção de petróleo no país.

Durante a campanha do primeiro turno das eleições, ele não estava entre os favoritos, mas ficou em segundo lugar entre os sete candidatos. O resultado surpreendente causou o protesto de reformistas, que denunciaram uma suposta fraude dos conservadores para favorecê-lo.

Partidários de Rafsanjani, 70, que foi presidente do Irã entre 1989 e 1997, acusaram as milícias Basij e Guarda Revolucionária de estarem por trás de Ahmadinejad e intimidarem os eleitores.

Funcionários do ministério do Interior, administrado por reformistas, também se queixaram de supostas ilegalidades na campanha eleitoral.

Com agências internacionais

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