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25/08/2005 - 17h21

Filho de sobrevivente brasileiro diz que ficou "surpreso"

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DANIELA LORETO
da Folha Online

A família do supervisor de obras Nivaldo Papeti, 47, que sobreviveu ao acidente aéreo com um Boeing 737-200 ocorrido no Peru na última terça-feira (23), ficou surpresa com a situação inusitada vivida pelo brasileiro.

"Nunca imaginei que isso pudesse acontecer com meu pai", afirmou Anderson Papeti, 20, que trabalha no setor de Informática da mesma empresa que Nivaldo, uma fornecedora de peças para cervejaria em Piracicaba, interior de São Paulo. "Ele viaja muito a trabalho, mas, uma situação como essa, não dá para prever", acrescentou.

Anderson soube do acidente ao receber um telefonema de sua mãe. "Eu estava na faculdade. Meu pai ligou para minha mãe e ela me avisou. Ele nos disse que estava bem, por isso, não chegamos a ficar preocupados."

"Quando recebemos a notícia, não tínhamos idéia da proporção do acidente. Só soubemos que havia tantas vítimas no dia seguinte, ao ler o jornal", afirmou Anderson, referindo-se aos 38 mortos do acidente.

Empresa

Na empresa em que Nivaldo trabalha, a surpresa não foi menor. "É uma situação muito inusitada", diz João Aldrigues, 49, gerente de RH da fornecedora. "Ficamos felizes em saber que ele está vivo e gostaríamos que todos os passageiros tivessem a mesma sorte", acrescentou.

Segundo Aldrigues, Papeti ficou cerca de um mês no Peru para fazer inspeções de rotina em quatro cervejarias para as quais a empresa fornece peças. Ele estava no vôo para Pucallpa porque iria fazer uma inspeção na cervejaria San Juan, que fica na cidade.

"Funcionários da cervejaria o aguardavam no aeroporto e nos avisaram sobre o ocorrido", conta Aldrigues. Segundo ele, Papeti está abrigado no próprio alojamento da cervejaria, que está dando todo o auxílio ao brasileiro.

De Piracicaba, a fornecedora enviou um pedido para a Embaixada do Brasil em Lima para pedir a expedição de novos documentos para o brasileiro-- que perdeu todos os seus pertences no acidente.

De acordo com o gerente de RH, um representante da empresa irá ao Peru para acompanhar Papeti de volta ao Brasil. Ele deve retornar ao país logo após a emissão dos novos documentos.

Acidente

O Boeing 737-200 da empresa estatal peruana Tans caiu na tarde da última terça-feira, em uma região amazônica do Peru. Papeti foi um dos 57 sobreviventes da tragédia, que matou 38 pessoas. Três passageiros estão desaparecidos.

Em entrevista exclusiva à Folha Online, o brasileiro disse que atravessou pântano, com água na altura do peito, e enfrentou chuva de granizo após escapar do acidente.

Papeti conta que o avião estava em procedimento de descida no momento da queda. "Ele já estava pousando, a mais ou menos 800 metros do solo."

O avião, que levava sete tripulantes e 91 passageiros caiu a 4,8 km do aeroporto e pouco antes do pouso. O vôo saíra de Lima (capital) com destino a Pucallpa (490 km ao noroeste de Lima), e, posteriormente, iria para a cidade de Iquitos.

Momentos antes do acidente, segundo o brasileiro, a tripulação avisou aos passageiros que a aeronave entraria em uma zona de turbulência. "Entramos em um vendaval tão forte que o avião se descontrolou. Já enfrentei muitas turbulências durante vôos na minha vida, mas nunca havia visto algo dessa proporção. O avião ficou entregue ao vento", afirma.

O brasileiro, que falou à Folha Online por telefone, de Lima, diz que tudo foi muito rápido e não houve tempo nem para que os passageiros entrassem em pânico. "Entre a turbulência e a queda, foram cerca de 10 ou 15 segundos. Não houve gritos", diz.

Pântano e granizo

Após a queda, segundo o brasileiro, houve barulho de vidros se quebrando e de objetos caindo. A parte dianteira do Boeing 737-200 começou a pegar fogo.

Papeti diz acreditar que só se salvou porque estava na parte traseira da aeronave --onde, segundo ele, estava a maioria dos sobreviventes.

"O avião se partiu em dois e a parte traseira, que ficou intacta, passou por cima da dianteira", afirma. "Eu estava no banco 19. Algumas pessoas que estavam no meio se salvaram, mas foram lançadas para fora do avião."

O brasileiro conseguiu sair do Boeing --que já estava quase todo em chamas-- pela porta traseira, que se abriu devido ao impacto da queda.

Ao lado de outros 23 sobreviventes, ele caminhou em um pântano por cerca de 50 metros, com água na altura do peito. No caminho, segundo Papeti, o grupo ainda enfrentou uma súbita chuva de granizo.

Os sobreviventes conseguiram chegar à terra firme e aguardaram por cerca de 40 minutos até a chegada da equipe de resgate. Segundo Papeti, ele teve sorte em sair ileso. "A maioria sofreu queimaduras e ferimentos graves", conta.

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