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Domingo, 7 de maio de 2000

"Gatos" na Nigéria

Rodrigo Bueno
     
Diego Medina


A Nigéria, país que mais bem representou o futebol africano nos últimos anos, está sofrendo agora, como o Brasil, com escândalos de ‘‘gatos’’, os jogadores que têm idade adulterada para atuar em competições juniores e juvenis.

No último mês, foi divulgada uma lista de 30 nomes de atletas convocados para treinos no CT da seleção nigeriana sub-20 (para jogadores de até 20 anos de idade, os juniores), que foi construído recentemente na cidade de Jos.

O jornal ‘‘P.M. News’’, de Lagos, revelou, como fez a Folha aqui no Brasil em inúmeros casos, que muitos dos jogadores convocados para o time têm mais de 20 anos.

Um deles, o zagueiro Eric Ejiofor, que atua no Katsina United, admitiu à reportagem do jornal nigeriano não ser mais júnior. ‘‘Quando o técnico Douamlong (Ben Douamlong, da seleção júnior da Nigéria) me sondou, confirmei a ele que tinha mais de 20 anos.

Fiquei surpreso quando meus amigos me disseram que eu fui convocado’’, disse o jogador. Ejiofor declinou a convocação, assim como já fizera Effiong Ekpeyong, do Nitel, outro jogador convocado para a seleção júnior do país que admitiu não ter mais idade para defender a equipe.

Outros atletas que foram convocados e que teriam mais de 20 anos, porém, como Gabriel Ewa, do Gombe United, ainda não deixaram a seleção nigeriana. A repercussão dos casos de ‘‘gatos’’ na Nigéria foi grande. Alguns torcedores chegaram a fazer protestos pela inclusão de jogadores irregulares na seleção nacional.

A federação nigeriana de futebol divulgou prontamente que os casos descobertos não representam preocupação, pois os jogadores com irregularidade na idade seriam desligados da seleção logo após a detecção do problema.

Acontece que, segundo a imprensa nigeriana, a federação de futebol do país está na mira da Fifa. Além do problema dos ‘‘gatos’’ (o Brasil ainda pode sofrer punições por ter utilizado jogadores irregulares em Sul-Americanos e Mundiais juniores), há suspeitas de mau uso do dinheiro enviado pela máxima entidade do futebol aos dirigentes nigerianos.

A Fifa possui programa que atende financeiramente as federações mais carentes, mas o dinheiro enviado à Nigéria não estaria resultando em desenvolvimento para o futebol local, segundo teria declarado um membro da Fifa à imprensa do país.

No ano passado, a Nigéria decepcionou na organização do Mundial júnior. Neste ano, teve que dividir a condição de anfitriã da Copa da África com Gana. A Nigéria, que venceu três importantes competições com alguma restrição de idade (Mundial juvenil, em 1985 e em 93, e a Olimpíada de Atlanta, em 96), ao menos não tem nenhum caso comprovado de ‘‘gato’’ em seleções que disputaram torneios da Fifa.

Com o Brasil, que comprovadamente teve, nada aconteceu ainda. Sorte do país, azar do futebol. Se os Sandros Hiroshis da vida tivessem lampejos de Nicéa...



NOTAS

Itália
O dono da Lazio, Sergio Cragnotti, esteve reunido durante uma hora e meia com os jogadores de seu time na semana que passou, dando força e apoio aos atletas na luta pelo título do Campeonato Italiano. Mas, antes da última rodada, quando a Juventus perdeu e a Lazio ganhou, o dirigente já dava o título como perdido e, insatisfeito por investir tanto e não ganhar nunca, ameaçava mandar jogadores embora.

Espanha
O Barcelona, que desde a goleada de 4 a 1 sofrida para o Valencia não atualiza nada em seu site, busca força só em estatísticas para ir à final da Copa dos Campeões. O time marcou três ou mais gols em 6 dos 7 jogos que fez como mandante no torneio. Já o Valencia perdeu duas vezes por 3 a 0 nesta temporada (para o Manchester United, pela Copa dos Campeões, e para o Barcelona, pelo Campeonato Espanhol).


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