Diego
Medina
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O Taiti está entre os lugares mais cobiçados
pelos turistas de todo o mundo. Sem contar com o alto custo
que os visitantes têm que encarar, suas praias, montanhas,
folclore e o povo - gordo e colorido - são muito atraentes.
Para os surfistas, respeitável contingente de viajantes
pelo globo, além do preço da Coca-Cola, há
outro motivo de preocupação:
as rasas e traiçoeiras bancadas de coral onde quebram
as ondas.
Diferentemente da Indonésia ou Havaí, o fundo
nas principais ondas taitianas cresce abruptamente. O resultado
são ondas pesadas quebrando sobre uma fina camada de
água.
Teahupoo, a onda em que o cenário descrito acima é
mais característico, foi palco da terceira etapa do
WCT 2000. A prova começou sob o luto taitiano devido
à morte do surfista local Briece Taerea, há
um mês.
Enquanto treinava para a seletiva da prova, vencida por Vetea
David, Briece foi arremessado sobre os corais. Seu parceiro
de treino, Manoa Drollet, ao resgatá-lo na arrebentação
ficou tão assustado com seu estado que a primeira reação
foi soltá-lo. Manoa e três havaianos que estavam
no mar ainda conseguiram recuperar a respiração
de Briece, que morreu horas depois.
Sob esse clima, teve início o Gotcha Tahiti Pro. A
expectativa da entrada de swell gigante só fazia aumentar
a ansiedade geral.
O campeonato teve início na terça-feira da semana
passada, e logo em sua primeira bateria o brasileiro Neco
Padaratz viveu o maior sufoco de sua vida. Não fosse
seu capacete verde limão, que ajudou a localizá-lo
para o resgate, Neco teria se afogado preso numa caverna dos
recifes.
No dia seguinte o mar baixou e foi a vez das mulheres. A bicampeã
mundial Layne Beachley, que havia cancelado sua participação
por temer as condições de Teahupoo, voltou atrás
devido ao mal resultado na segunda etapa na Austrália.
Ficou em nono e garantiu a liderança no ranking. A
havaiana Keala Kennelly, bastante machucada devido a uma queda
de costas nos corais na semifinal, se recuperou e derrotou
a vice-campeã mundial Serena Brooke na bateria decisiva.
A vitória no Gallaz Womens Pro, a primeira de Keala
no WCT, a levou ao terceiro lugar no ranking, posto antes
ocupado pela brasileira Tita Tavares, agora em quarto.
Na sexta e sábado a prova ficou interrompida devido
à chuva e ao vento. No domingo houve a repescagem masculina.
Com ondas de até 12 pés, mais show de horror.
W.O. do contundido Russel Winter enquanto Andy Irons que havia
feito a melhor média da primeira fase - 26,55
- e também do campeonato, amargava uma permanência
no hospital para cuidar de suas feridas infeccionadas. Destaque
nesta fase para Fábio Gouveia, que venceu Victor Ribas
e conquistou sua primeira nota dez em doze anos de Tour.
O mar voltou a baixar e o campeonato terminou na terça-feira,
em ondas de cinco pés. Teco Padaratz, Guilherme Herdy
e Yuri Sodré foram os melhores brasileiros, terminando
em nono. O resultado manteve Teco, agora isolado, na terceira
posição do ranking.
Kelly Slater repetiu a semifinal da última prova que
disputou no WCT, o Pipe Masters, e novamente despachou Mark
Occhilupo. Shane Dorian passou pela outra semi, mas não
por Slater na final. O hexacampeão mundial mostrou
que continua afiado como os corais de Teahupoo e se torna
o convidado mais vencedor que se tem notícia. Emocionado,
dedicou a vitória a Taerea.
NOTAS
A
elite do surfe
Está confirmado, entre os dias 1 e 20 de junho, o OP
Pro Boat Challenge. O evento vai reunir os doze melhores surfistas
do mundo, seis homens e seis mulheres, na Ilha de Mentawai,
Sumatra. Será entregue o maior prêmio individual
da história do surfe profissional: US$ 65 mil para
o masculino e US$ 37 mil para o feminino.
Big
Trip
Sobre o texto da semana anterior, duas observações
de leitores. Faltou o crédito do autor da imagem vencedora,
Curt Myers. E Taiu, um dos dois entre os nove juízes
do concurso, que votou na onda de Carlos Burle. Segundo colocado,
sugere a inclusão de mais big riders na bancada de
julgamento.
Skate
O skatista paranaense Rodil de Araújo, o Ferrugem,
ganhou o Drop Dead Skateboard Pro 2000, primeira etapa do
Circuito Brasileiro Profissional, na modalidade street. Ele
venceu o atual campeão brasileiro, Daniel Vieira, e
embolsou R$ 2,5 mil, dos R$ 8 mil que foram distribuídos
aos dez melhores da etapa.
E-mail:
carlosarli@revistatrip.com.br
Leia mais:
Leia
as colunas anteriores:
11/05/2000 - Sinos tocando
04/05/2000
- Sydney, Slater e Silva
27/04/2000
- Comida de dar Pena
20/04/2000
- Eclético e Ético
13/04/2000
- Bom começo
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