Aos 6 anos de idade, um garoto de São Paulo é o mais jovem a fazer parte da Mensa Brasil, um clube para pessoas de alta inteligência.
O feito de Miro Latansio Tsai se deu no último mês de agosto, quando ainda tinha 5 anos. Para conseguir entrar na associação, ele realizou um teste de QI (quociente de inteligência), que reflete habilidades de raciocínio, de resolver quebra-cabeças e de memória, por exemplo.
Para o menino, essa é a chance de mergulhar num mundo novo. "Quero saber mais sobre esse universo de pessoas inteligentes. É bom conhecer pessoas com quem a gente se identifica", diz ele. Ao todo são cerca de 600 membros ativos na Mensa Brasil.
"Mensa", aliás, significa "mesa", em latim. A ideia da dupla que criou a Mensa —o investidor Roland Berrill e o cientista e advogado Lancelot Ware— há 76 anos, na Inglaterra, era juntar pessoas inteligentes ao redor de uma mesa para tentar empregar essa capacidade em prol da humanidade.
Cadu Fonseca, vice-presidente da Mensa Brasil, conta que a organização tem grupos de temas diversos, que vão de tecnologia a xadrez. Miro, apesar da pouca idade, será muito bem-vindo, diz Cadu, que é jornalista.
"No Brasil e no mundo a Mensa busca identificar pessoas de alto QI, além de contribuir para que associados tenham um ambiente estimulante para trocas de ideias e experiências. E também auxilia na autodescoberta do indivíduo."
O conceito de QI mudou bastante desde que foi concebido, há 110 anos, em 1912.
Antes o objetivo era ver o quanto a "idade mental" (da mente) estava adiante ou atrás da "idade cronológica" (aquela que é medida em anos). Já hoje, o QI é resultado da comparação com o desempenho médio das pessoas, considerando que a maior parte das pessoas tem QI perto da média.
Podem entrar na Mensa aqueles que, de acordo com os testes, estejam pelo menos entre os 2% mais bem posicionados, considerando toda a população —casos como o de Miro, então, são raros, mas não tão raros assim.
Um dos grandes desafios é detectar crianças e adolescentes com superdotação, explica a neuropsicóloga Cristiane Costa Cruz, que aplica e analisa testes de QI e que também já presidiu a Mensa. "Se não damos atenção especial a eles, podemos perder grandes talentos, em todos os cantos do país."
E, como há poucos identificados, também há pouquíssimas escolas que oferecem atividades condizentes com as habilidades desse público, que suprem as necessidades deles, com o apoio de profissionais especializados, diz Cristiane.
Entre as características de crianças superinteligentes estão o autodidatismo —como nos casos em que a criança aprende a ler sozinha—, a vontade e capacidade para tocar instrumentos musicais, o fato de se dar melhor com adultos ou crianças mais velhas, a capacidade de aprender muito rapidamente, ficando entediada na escola, por exemplo.
Para fomentar adequadamente o desenvolvimento, o ideal é oferecer oportunidades e suprir as demandas das crianças, com livros, quebra-cabeças e aulas extras, por exemplo.
Entre os assuntos que encantam Miro estão a tecnologia e a defesa planetária. Ele já apareceu nesta Folhinha como caçador de asteroides.
Com o objetivo de salvar a Terra de um cataclismo causado pelo impacto de um desses objetos celestes, ele analisou imagens do Cosmo, identificou potenciais ameaças, e foi reconhecido pela Nasa e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia por seus esforços.
"Nós somos a geração do futuro, então vamos juntos transformar o planeta em um lugar em que seremos felizes", diz o caçador de asteroides.
Miro quer aproveitar as novas aventuras para ir além.
"Estou pensando em como eu poderia ajudar a acabar com a fome do mundo e como fazer a comida ficar mais barata para as pessoas", diz o garoto. Vamos todos ficar na torcida para que ele encontre as respostas o quanto antes!
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