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Fósseis revelam traços de antigos vertebrados

Nova análise indica que peixe que viveu há 505 milhões de anos pode ajudar a compreender a evolução do grupo

Animal primitivo tinha estruturas que se tornariam típicas de vertebrados atuais, como narinas

REINALDO JOSÉ LOPES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O nome científico da criatura é Metaspriggina, mas você também pode chamá-la de "vovó", caso não tenha problemas em reconhecer seu parentesco com um peixinho de 505 milhões de anos.

Uma nova análise de fósseis do animal indica que ele é um dos mais primitivos vertebrados, grupo que inclui anfíbios, répteis, aves e, claro, mamíferos como o homem.

Embora já fosse conhecido dos paleontólogos, o Metaspriggina tinha sido batizado a partir da análise de restos muito fragmentados, que não permitiam uma visão detalhada de sua anatomia.

A coisa acaba de mudar de figura com a descoberta de cerca de cem novos espécimes do bicho, achados em sítios das montanhas Rochosas do Canadá (região oeste do país). Um deles é o Burgess Shale, que se tornou conhecido mundialmente porque, em suas rochas, boa parte da fauna marinha de meio bilhão de anos atrás ficou "congelada" nas rochas, em excelente estado de preservação.

E, o que é mais importante, essa preservação inclui os tecidos moles do organismo, fato crucial no caso do Metaspriggina e de outros bichos cujo corpo era "molenga".

Isso vale inclusive para um protovertebrado como ele porque, em vez de ossos como os dos seres humanos, ele tinha cartilagens pelo corpo. No lugar de uma coluna vertebral, o peixe primitivo tinha a chamada notocorda, estrutura que ainda aparece nos embriões de vertebrados terrestres, mas depois dá lugar a cartilagens da espinha.

Os novos fósseis do vertebrado primitivo estão descritos na edição desta semana da revista científica britânica "Nature". Os autores da pesquisa são Simon Conway Morris, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), e Jean-Bernard Caron, do Museu Real de Ontário (Canadá).

FILÉ

Medindo apenas 6 cm de comprimento, o Metaspriggina não seria o mais suculento dos pratos caso fosse para a frigideira, mas tinha algo em comum com os filés de salmão ou tilápia que podem ser encontrados em qualquer supermercado: a musculatura poderosa, em forma de W, que provavelmente o ajudava a se movimentar com rapidez pelos oceanos do Cambriano, como é conhecido o período durante o qual viveu.

A força muscular devia ser empregada basicamente para fugir, já que os maiores predadores dos mares nessa época eram invertebrados encouraçados com cerca de 1,5 m.

Os fósseis permitem visualizar outros detalhes importantes de sua anatomia: brânquias, fígado e talvez até o coração e seu conteúdo intestinal. Quanto aos órgãos dos sentidos, é possível detectar estruturas que se tornariam típicas dos vertebrados atuais: olhos do tipo câmera, com um cristalino (essencialmente o mesmo sistema empregado pelo olho humano), e narinas. A criatura também parece ter estruturas cartilaginosas que podem ter dado origem à mandíbula dos vertebrados posteriores.

Embora outros possíveis vertebrados primitivos sejam um pouco mais antigos que o Metaspriggina, o peixinho canadense é o que deve trazer mais riqueza de detalhes para entender a evolução do grupo.


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