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Material genético analisado só passa de mãe para filho

RICARDO BONALUME NETO DE SÃO PAULO

Descobrir a identidade do rei Ricardo 3º foi mais fácil graças a uma curiosa circunstância: os descendentes de sua mãe, Cecily Neville, incluíram mulheres durante meio milênio.

Isso é relevante porque o material genético analisado para comprovar que a ossada desenterrada era do monarca é passado só das mães para os filhos (sejam homens ou mulheres).

Trata-se do chamado DNA mitocondrial, isto é, aquele material genético que não fica no lugar de praxe, o núcleo das células, mas sim em um pequeno órgão dentro delas, as mitocôndrias. Essas organelas são fabriquetas de energia para a célula.

E o fato de serem transmitidas apenas pelas mães permite estudos precisos de evolução, de dinâmica de populações e de genética. Já o DNA nuclear vem tanto do espermatozoide do pai como do óvulo da mãe.

ORIGEM

Uma teoria indica que as mitocôndrias surgiram de bactérias que foram "engolidas" e absorvidas pelas células no passado distante.

Durante a fecundação, as mitocôndrias presentes no espermatozoide são, acredita-se, destruídas pelo óvulo.

O DNA mitocondrial é bem menor do que aquele encontrável no núcleo celular, por isso foi mais rapidamente "sequenciado" (isto é, seu código foi decifrado) anos atrás. Estudos com DNA mitocondrial proliferaram em diversas espécies de animais e plantas.

No caso do rei inglês, foi primeiro necessário checar o DNA dos descendentes de sua família -dois foram testados. Um deles foi Michael Ibsen, 55, que nasceu no Canadá e trabalha em Londres fazendo móveis. Ele é descendente da irmã mais velha de Ricardo 3º, Anne de York.

O outro parente submetido aos exames preferiu não se identificar.

O DNA mitocondrial dos dois era o mesmo. O trabalho de comparação do material genético foi coordenado por Turi King, da Universidade de Leicester.

Mais difícil do que examinar os descendentes foi extrair o DNA do esqueleto do rei, pois trata-se de uma molécula de difícil preservação.

Mesmo assim, os pesquisadores tiveram sucesso.

No futuro, eles também esperam obter dados de outro tipo de material genético, desta vez de DNA nuclear -mais especificamente o cromossomo masculino Y.

Se for possível obter os dados, a identificação do rei estaria bem definida geneticamente pela linhagem feminina e pela masculina.


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