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Shakespeare cristalizou rei amoral e torpe
DO EDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”O monarca que Shakespeare cristalizou no inconsciente coletivo em "Ricardo 3º", joia da coroa de seu ciclo de peças históricas, é um tipo amoral, abjeto, torpe.
No afã de se instalar no trono da Inglaterra, aniquila todo e qualquer obstáculo que possa comprometer seu projeto de poder -nem laços consanguíneos despertam sua misericórdia.
O personagem é desenhado como um sujeito corcunda, entrevado, cuja sociopatia é acirrada pela ausência de atributos físicos.
Será interessante acompanhar se a descoberta do esqueleto levará a uma revisão que talvez faça emergir um perfil mais matizado.
Longe dos laboratórios arqueológicos, no entanto, Sua Majestade continuará entronizado como um dos grandes vilões do teatro, dadivoso só na hora de consagrar os atores que o encarnam, sobretudo no eixo Inglaterra-EUA. Laurence Olivier puxa o cordão integrado também por Ian Holm, Al Pacino, Ian McKellen e Kevin Spacey.