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Nina Horta

Impressões sobre Maria Eugênia

A moça queria passar um tempo em Roma só comendo comida boa e cantando e desenhando

São os três assuntos de fim de ano. Natal, Ano-Novo e férias, afinal. Depois, é possível escrever sobre tudo um pouco, e mais um pouco e que Deus nos ajude nesse empreendimento.

Com a maravilhosa Maria Eugênia, e vocês nem imaginam a "sem graceza" desta coluna sem ela. Dá a graça, o brilho, a vontade de ler. Estaria mal parada não fosse seu talento. Hoje, ela representa os meus três Reis Magos, trazendo ouro, incenso e mirra.

Um quarto de século juntas sem nos vermos, quase sem nos conhecermos, mas com uma profunda ternura da minha parte. Acho que ela também gosta de mim, senão não saberia ilustrar as colunas do jeito que ilustra.

E vocês acreditam que ela canta? Fui entrevistá-la para o blog e descobri, acho que foi no segundo post, quando ela gravou com uma voz afinadíssima e doce, um passarinho melodioso, voz que sai das vísceras, delgada e forte ao mesmo tempo.

Maria Eugênia, dos longos cabelos negros, do marido que tem a mais bela coleção de brinquedos jamais vista, um pequeno museu do qual é impossível desgrudar os olhos, porque aqueles brinquedos todos já foram nossos, já amarelaram debaixo do sol, já quebraram num dia de fraqueza total, já apareceram nos nossos sonhos, são pedaços de vida.

E é claro que fica impossível deixar de olhá-los, anda-se pela casa deles como a pisar com delicadeza nos nossos melhores sonhos, o soldado de chumbo que derreteu, a boneca que se partiu em estilhaços quando você a deixou cair do sofá da sala enquanto dormiam juntas.

Talvez seja de lá que Maria Eugênia traga tanta frescura e juventude a um texto. Talvez se inspire nos brinquedos antigos, esteja sempre a um passo de sua própria infância e das impressões dos outros que traduz tão bem.

E quem acredita que é advogada? Pois é, fez o curso para agradar à família, que achava as tendências dela muito boêmias. Não sabiam que iria dar uma ilustradora cheia de prêmios aqui e acolá e ela sempre se espanta quando ganha uma viagem, uma medalha, eu? Se assusta... Ora, Maria Eugênia, companheira de jornada, você mereceria todos os prêmios que se dão aos sonhadores generosos, aos fortes talentos. É somente a retribuição ao prazer que nos dá com esse traço único e feliz.

E graças a Deus a moça gosta de desenhar comida, gosta de se entupir de massas italianas, adora massa, queria passar um tempo em Roma só comendo comida boa e cantando e desenhando, é claro.

E não engorda, é um fiapo de magricela, e acredite, meu ilustre companheiro que ao meu lado se vê. Já foi gorda. E um dia fez uma educação alimentar e puft, foi-se a tal da gordurinha extra e hoje, acho que de tanto desenhar comida, perdeu um pouco do apetite de verdade.

Pense, ela ilustra uma festa, a mesa caindo de carnes gostosas, de pilhas de camarões. O que é que acontece? Enfara, quer só um sanduichinho de presunto. Coisas que penso na minha cabeça, pura invenção. Se quiserem ver a casa dela, a cantoria dela, está no meu blog. Escutem a moça cantando, também. Beijos, Maria Eugênia, obrigada.


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