Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Comida

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Nina Horta

O gorducho na TV

O menino até que gostaria de umas saladas que vejo aqui, e não a comida sem graça da mãe dramática

Como as receitas não são a minha felicidade maior nesta fase da vida, leio mais livros de textos. Claro que não resisto a um livro que tenha os dois -aliás, não resisto a nenhum-, sempre acho alguma coisinha que me interessa, ou que acho que vai me interessar completamente e mudar minha vida.

Aqui em casa temos os livros que ficam no primeiro andar e os livros no segundo, sem contar o terceiro que são os fechados no topo dos armários.

Não sei como começou o hábito que os livros de baixo, quando precisam subir, são colocados no vão da escada, embaixo do corrimão vazado. Difícil de explicar, a escada se transforma em estante e eles vão subindo degrau por degrau. Custam a chegar lá em cima e, muitas vezes, encontram no patamar da escada outros que descem.

Hoje, reparei em um que subia, meu desconhecido, desses livros que parecem feitos em casa, ou melhor, um caderno com o romântico nome de "A Encantada Floresta de |Brócolis". Só pode ser vegetariano e vou revirando as páginas da dona de casa que demorou oito anos para fazê-lo.

Relacionando as coisas, assisti a um programa brasileiro de TV, desses que compram os formatos já prontos e copiam para o Brasil. Há uma simpática nutricionista que é chamada às casas de meninos recalcitrantes que não gostam de comer. Esse que vi era um gorducho dos que sentam no sofá papando chocolates e que fazem birra na mesa, infernando as refeições da família inteira. Umas boas palmadas só fariam bem para a mãe, o pai e os telespectadores, que seriam poupados da saga briguenta da alface diária.

Voltando ao livro diferente que encontrei subindo sorrateiramente a escada, percebo que, neste calorão, o menino gorducho até que gostaria de umas saladas que vejo aqui, e não a comida repetida e sem graça da mãe dramática e chorona.

Por exemplo, uma couve-flor quebrada em florzinhas que fica numa marinada de um dia para o outro, com azeite, vinho tinto, água, alho, sal, louro e pimenta. Na hora de servir, é passada rapidamente numa frigideira e junta-se a ela um monte de temperinhos muito bem picados como cebola, salsinha, manjericão e uma cenoura raspada. Acho que o menino até gostaria.

E outra salada de gomos grandes de laranja-bahia com nozes e verduras frescas.

Saladinha que não me canso de achar graça é cenoura ralada com muito coco ralado junto. É difícil pensarmos no coco como elemento de salada -e fica bom.

Como o gorducho adora batatas (qual gorducho que não gosta de batatas?), acho que apreciaria as que são cozidas no molho. Assim: cortam-se as batatas muito finamente, transparentes; junta-se azeite, vinagre, pimenta-do-reino e sal; leva-se ao fogo até que as batatas estejam cozidas, em fogo bem baixo; e depois que fiquem esfriando. Geladeira! Antes de servir, juntar salsinha picada, cebolinha, pétalas de tomate fresco.

E tem mais. Aqueles pratos beges de supermercado, xô neles. Criança adora cumbuca desequilibrada, taça vermelha e rasa, uma caneca só dela de alumínio brilhando como prata com água bem gelada. Se fizermos bonito, gostoso e sem comentários, o gorducho vai adorar. Sossega, mãe!


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página