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Os filhos de Babette

Três estreias do cinema falam de gastronomia ou a usam para contar suas histórias

JOSIMAR MELO CRÍTICO DA FOLHA

Quando foi lançado no Brasil, em 1988, "A Festa de Babette", de Gabriel Axel, ainda era tão raro (embora houvesse precedentes) mostrar num filme os detalhes de um faustoso jantar que o "Comida" dedicou-lhe matéria discutindo o filme e reproduzindo as receitas --que foram degustadas no La Casserole por gourmets como o filólogo Antonio Houaiss e a galerista Regina Boni.

Hoje a gastronomia ganhou tal espaço que, além da imprensa e dos títulos especializados, outras artes se debruçam sobre ela com frequência. A ponto de termos três filmes em estreia quase simultânea (duas nacionais e uma em São Paulo) que a têm como pano de fundo.

Mas não quer dizer que a maioria dos tantos filmes dos últimos anos se dediquem ao tema --o lugar da comida ou questões da profissão. Eles mais embarcam no glamour do assunto e em torno dele desenvolvem histórias de amor, superação, comédias etc. (que poderiam se apoiar em qualquer outra área).

Eles têm como cenário restaurantes bonitos, chefs charmosos, pratos plasticamente impecáveis com a consultoria de chefs estrelados. Até na animação "Ratatouille" as receitas são do consagrado norte-americano Thomas Keller.

Dos três filmes desta leva, "Chef" é o mais centrado na profissão. O filme de Jon Favreau retrata um cozinheiro em crise, levado a buscar alternativas menos glamurosas na profissão, numa trajetória inexorável rumo a um final feliz (no trabalho, na família).

Em "Bistrô Romantique", do belga Joel Vanhoebrouck, que estreia em São Paulo, o próprio título resume a ópera. Ou, como diz a divulgação do filme, é Dia dos Namorados no restaurante onde "tanto no salão como na cozinha há casais que se apaixonam (...), brigam e se reconciliam deixando cair todas as máscaras das relações humanas".

"A 100 Passos de um Sonho", de Lasse Hallström, trata das diferenças culturais e do embate pela convivência --e a comida funciona tanto como um símbolo de oposições quanto contém, ao mesmo tempo, a possibilidade de sua superação, sendo a paixão pela mesa um elo comum a toda a humanidade.

A "Festa de Babette" não era sobre gastronomia, mas sobre temas como a amargura da vida puritana desperdiçada na terra e o papel do artista. Os filmes de hoje tampouco são, na maioria, sobre comida, mas se aproveitam da febre para embalar com "appetite appeal" o pacote que têm a oferecer ao público.


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