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Análise
Apesar da melhor engenharia, a natureza foi agredida e reagiu
JOSÉ BERNARDES FELEX ESPECIAL PARA A FOLHAOs desmoronamentos na serra do Mar ocorrem porque, ao longo do tempo, o homem interferiu nos maciços sensíveis, solos, rochas e formas que a geologia da serra tem.
Na grande maioria das vezes, a intervenção se deu de maneira quase predatória.
Primeiro, foi morar, caçar ou plantar nas encostas. Depois, a economia exigiu melhores meios de transporte. Trilhas foram trocadas por rodovias, ferrovias e oleodutos ligando o litoral ao planalto.
Apesar da melhor engenharia, a natureza foi agredida. Indústria e comércio se instalaram na serra do Mar. Camadas mais carentes da população passaram a morar em altos patamares na área.
Encostas são vivas. A ação do homem provocou o que vulgarmente poderia ser chamado de "caminhamento": as encostas tendem a descer, pedras tendem a escorregar.
A engenharia brasileira usou o melhor da tecnologia nas obras na serra.
Mas há mais obras e ocupação na região. A natureza agiu e agora há novos desafios a vencer. Não bastam obras de emergência. Observar, com a melhor técnica, os movimentos das encostas e diagnosticar para prever deslizamentos e intervir antes dos desastres é fundamental.