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Folhateen

Rock do século passado

Bandas dos anos 1990 voltam a tocar no rádio e a ter destaque em festivais, adoradas por adolescentes que rejeitam grupos novos e veneram um som mais furioso

DANILA MOURA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Fomos a última geração que fazia canções mais transgressoras. Rolava uma abertura maior para bandas com letras ferozes e riffs fortes. Atualmente, a indústria fonográfica, amedrontada pela pirataria, prefere investir em fórmulas fáceis de vender. É uma pena", declara Canisso, baixista do Raimundos.

Grupo que se manteve na ativa desde os anos 1990, com Digão assumindo o microfone depois da saída do vocalista Rodolfo -que virou evangélico-, Raimundos está de volta às radios e aos shows lotados.

Mas esse renascimento passa longe de tiozinhos saudosistas. "A grade da plateia dos shows é dominada 90% por garotos de 15 anos. É gratificante!", exalta Canisso.

"Essa melação pop de Restart e genéricos eu não aguento ouvir de jeito nenhum", brada o estudante Fernando Costa, 14, que fala de bandas brasileiras como se estivesse numa rodinha de amigos há 20 anos. "Tinha despontado o Charlie Brown, rolava Rumbora, era uma época de bandas com letras muito mais divertidas, escrachadas. Hoje eu não sinto a mesma pegada", declara o estudante Felipe Holanda do Nascimento, 21, que visita frequentemente os estúdios da rádio UOL 89 FM e tem pavor de rock bonitinho demais.

MUDANÇA DE GÊNERO

Até hoje o paulistano Gabriel de Souza Shon, 25, consegue se lembrar do dia em que voltou do colégio, em 2006, e ligou o rádio. Tomou um susto que deu um nó em sua garganta roqueira. "Ouvia a 89 FM direto, era a trilha sonora do meu dia a dia. Do nada, começou a tocar dance music. Chocante, tinha virado uma rádio pop!"

Após um período em que mudou radicalmente seu estilo musical, a emissora famosa como "a rádio rock" voltou ao gênero. Além de se manter no dial, passou a ser hospedada na internet com a marca UOL 89 FM.

"Esperávamos atender somente um público na faixa dos 35 anos, saudosista dos anos 1990. Mas nos surpreendemos com o grande número de adolescentes que nem era nascido no auge da emissora e hoje prefere ouvir bandas daquela época. E o ibope está respondendo com sucesso", afirma Ricardo Dutra, diretor de marketing do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha.

É gente como Shon e outros adolescentes que ainda usavam fraldas enquanto os shows do Raimundos agitavam rodinhas de pogo ao som de "Quero Ver o Oco".

Falta de transgressão nas letras, melodias sobre o amor e o visual meigo da maioria das bandas brasileiras de hoje são reclamações de uma legião de teens fãs das mesmas bandas da adolescência de Shon. Inclusive sua irmã Heloísa, 18, que tinha só dois anos quando o Planet Hemp foi detido pela polícia, acusado de apologia às drogas.

"Até gosto de algumas bandas atuais, mas acho quase sempre bobinhas. Prefiro ouvir Raimundos, Planet Hemp e Charlie Brown Jr.", afirma a garota.

Outro termômetro que atesta essa tendência no gosto dos adolescentes é a presença desses grupos nos grandes festivais de música. No próximo dia 31, o Planet Hemp fecha a noite do palco Butantã no Lollapalooza Brasil, em São Paulo.


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