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Sem-teto afeta rotina de creche, diz instituto
ONG diz que movimento de invasores e fumaça atrapalham as crianças
Grupo que invadiu terreno para construir moradias alega que maior parte da área na zona sul está vazia
Homens com peixeiras, machados e ferramentas de construção nas mãos se misturam às crianças que frequentam a creche e jovens que fazem oficinas de trabalho no Instituto Anchieta Grajaú, na zona sul da cidade.
Para evitar esse cenário, a entidade entrou com uma ação na Justiça e já obteve uma liminar para reintegração de posse --que não tem prazo para ser cumprida.
Segundo a superintendente da ONG, Luzinete Nunes, crianças estão se assustando com a entrada e a saída de invasores. E a fumaça constante das queimadas causa asma em alunos e professores.
"Nós somos defensores do direito de moradia. Mas, numa região de proteção ambiental, só pode acontecer de maneira sustentável", disse.
A ONG foi criada depois que a construtora Cyrella doou a área à instituição, idealizada por um grupo comandado pelo arquiteto e urbanista Roberto Loeb.
A ONG tem convênios com a prefeitura e 60 funcionários. O distrito em que atua é um dos mais pobres de SP.
Em 2010, o então prefeito Gilberto Kassab (PSD) assinou um decreto que tornou a área de utilidade pública. A intenção era criar um parque linear ali. Não saiu do papel.
Líder da ocupação, Leamir Costa disse que haverá um protesto na porta do Palácio dos Bandeirantes nos próximos dias para pedir que a reintegração de posse não seja cumprida. Ele nega que a invasão prejudique a ONG.
Invasores questionam o fato de a maior parte do terreno estar vazia. "Não posso mais pagar aluguel. Disseram que podia entrar e vou fazer daqui o meu canto", disse o pedreiro Donato dos Santos, 53.
"Não vamos ocupar a área da creche. Tem espaço vazio de sobra", disse Patrícia Araújo, 33, uma das coordenadoras da invasão.
