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40% dos usuários de crack das capitais estão no Nordeste

Metrópoles da região somam 25% da população de capitais e DF, que, segundo estudo, concentram 370 mil dependentes

É razoável pensar que, no total, país tem mais de 700 mil viciados, afirma um dos autores da pesquisa da Fiocruz

JOHANNA NUBLAT DE BRASÍLIA

As capitais do país e o Distrito Federal concentram 370 mil usuários regulares de crack ou drogas similares --pasta base, merla e oxi. Isso representa 35% dos usuários regulares de drogas (excluindo a maconha) nessas cidades, estimados em 1 milhão.

Quase 40% desses usuários estão no Nordeste, embora as metrópoles nordestinas representem 25% da população das capitais brasileiras.

As conclusões são de pesquisa da Fiocruz encomendada pela Senad (Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas) e divulgada ontem. Os resultados do estudo, tido como o maior do tipo já feito no mundo, eram esperados por especialistas havia mais de um ano.

A pesquisa tem dois braços. O que estima o número de usuários regulares --quem consumiu a droga em ao menos 25 dias nos seis meses anteriores-- foi feito com dados colhidos em 2012 e traz resultados só para capitais.

Apesar de medir público só dessas cidades, é razoável pensar no dobro de usuários (pouco mais de 700 mil) para o país todo, diz Francisco Bastos, um dos coordenadores.

O estudo revela que a maior concentração (38,7%) de usuários das capitais está no Nordeste, seguido por Sudeste (29,6%), Centro-Oeste (13,3%), Sul (9,7%) e Norte (8,6%).

Mesmo considerada a proporção entre usuários e população total, o Nordeste continua na frente --empatado estatisticamente com o Sul.

Também tem a maior proporção estimada de crianças usuárias (menores de 18 anos): 18,9%, contra 13,5% da média.

O governo não divulgou dados por capitais, alegando que isso ainda será feito.

PLANO NACIONAL

A pesquisa vem na esteira do plano contra o crack, lançado no fim de 2011. Dos R$ 4 bilhões prometidos até 2014, só R$ 1,6 bilhão foi gasto.

Segundo o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), não há bloqueio de despesas. O governo diz que, como boa parte dos gastos é em construções e compras, a liberação do dinheiro é precedida por licitações, obras e demandas dos Estados e cidades.

TRATAMENTO

Um segundo estudo, esse de abrangência nacional e feito entre 2011 e junho de 2013, busca traçar o perfil do usuário do crack: 78,7% são homens, 80% são "não-brancos", 41,6% foram detidos no ano anterior e 55% pararam de estudar entre a 4ª e a 8ª séries do ensino fundamental.

Das usuárias, 46,6% disseram ter engravidado ao menos uma vez após começar a usar crack e 10%, que estavam grávidas no dia da entrevista.

A demanda por tratamento chamou atenção: 78,9% disseram querer se tratar. Mas o acesso aos serviços é pequeno. Menos de 7% buscaram um centro de atenção psicossocial e menos de 5%, uma comunidade terapêutica nos 30 dias anteriores à pesquisa.

"Precisamos divulgar mais os serviços. Esse percentual expressivo reforça a necessidade de uma rede aberta, acolhedora", diz Helvécio Magalhães, do Ministério da Saúde.


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