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Análise - Desigualdade de renda

Resultado pode significar o fim da 'década inclusiva'

Economia brasileira estagnou porque boom de consumo chegou ao fim

RAQUEL LANDIM DE SÃO PAULO

A desigualdade parou de diminuir no Brasil. É o que atesta a Pnad. A constatação é preocupante, mas previsível, porque a economia brasileira está praticamente estagnada.

O índice Gini em 2012 ficou no mesmo nível do de 2011. Esse indicador mede o nível de concentração de renda.

Isso aconteceu porque o rendimento médio dos 10% mais pobres do Brasil subiu 5,1%, enquanto o dos 1% mais ricos teve salto de 12,8%.

Esse resultado pode significar o fim da "década inclusiva", quando 23,4 milhões de pessoas saíram da pobreza graças a um crescimento de 91,2% dos salários dos 10% mais pobres entre 2001 e 2011.

Esse salto foi causado, principalmente, por fortes reajustes do salário mínimo, programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, e explosão do crédito. No fim do governo Lula, essa receituário garantiu crescimento de 7,5% ao ano e eleição da sucessora. Desde então o cenário mudou.

Se confirmada a previsão de aumento de 2% a 2,5% do PIB neste ano, o Brasil amargará crescimento médio de 2% nos três anos de Dilma --patamar medíocre para uma economia como a brasileira.

A economia estagnou porque o boom de consumo chegou ao fim. Não existe mais no país um contingente tão grande de pessoas para serem inseridas no mercado de trabalho e no acesso ao crédito.

E vale ressaltar que parcela significativa da nova classe média está fortemente endividada, tentando pagar o carro financiado. A bolha de inadimplência do setor automotivo, inflada pelos incentivos fiscais do próprio governo, ainda pesa na economia.

A única saída para o Brasil voltar a crescer com vigor é investir mais e melhorar a produtividade. Isso já é consenso até entre governo e oposição.

A dificuldade é pôr isso em prática. A atual gestão finalmente reconheceu a dificuldade crônica do setor público de tirar projetos do papel e partiu para um programa de concessões. Os técnicos de Dilma, porém, adotaram uma postura de confronto com o setor privado nas regras dos contratos, o que reduziu o interesse.

Tudo indica que o programa de concessões será menor do que o previsto e que os leilões atrasarão ainda mais. Os efeitos das concessões para os investimentos brasileiros, portanto, só devem começar a serem sentidos no fim de 2014.

Assim, não há sinais de que vamos sair desse "rame rame" de baixo crescimento em breve. É verdade que o país vive uma inédita situação de pleno emprego, mas não deveria se acomodar. Avançamos muito, mas ainda somos um dos países mais desiguais do mundo.


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