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Migração de usuários de crack isola moradores de asilo

Idosos reclamam de ameaças e roubos feitos por viciados que se instalaram na área após ação da prefeitura

ARETHA YARAK DE SÃO PAULO

Cerca de cem idosos que vivem em um asilo público na região da cracolândia, no centro de São Paulo, estão isolados dentro de casa.

Há duas semanas, por uma ação da prefeitura, traficantes e consumidores de crack foram retirados do largo Coração de Jesus. Eles então se instalaram bem em frente à porta do asilo Morada Nova Luz, na rua Helvétia.

Segundo idosos e comerciantes do entorno ouvidos pela Folha, é comum os usurários abordarem os idosos que saem durante o dia.

"Eles querem cigarro, R$ 1, coisa miúda. Se os idosos não dão, o pessoal arranca no tapa ou tenta passar rasteira", diz um comerciante da área.

Com as ameaças, muitos preferem na morada. "Eu costumava sair durante o dia. Ia tomar um sol, dar umas voltas e até sentar na praça. Agora, só desço rápido para fumar um cigarro", diz um morador de 66 anos que não quis ter o nome divulgado.

Há uma semana, José Lins de Aragão, 61, foi assaltado a uma quadra do asilo. Segundo ele, dois assaltantes o abordaram com um facão, roubaram documentos, tênis e dinheiro e o deixaram com duas cicatrizes no braço.

"Só escapei porque sei lutar caratê e duas viaturas da polícia apareceram", conta.

Aragão mora há cinco meses na morada e diz ter ao menos três amigos que já sofreram tentativas de assalto nas duas últimas semanas.

Segundo ele, uma colega de 66 anos foi agredida recentemente na porta do asilo. "Deram tapa na cara dela para roubar um cigarro", conta.

Os idosos que moram nos quartos com janela virada para a rua têm tido ainda dificuldades para dormir. "De madrugada, a rua fica cheia e eles fazem uma barulheira danada", diz Luis Tau, 75.

De acordo com um funcionário da morada, dos 97 idosos que moram ali, cerca de 20% têm problemas psiquiátricos. "Por não estarem dormindo direito, eles ficam mais agitados e agressivos."

Em reunião do Conseg Santa Cecília (conselho de segurança comunitário), moradores da região relataram que os idosos estão isolados e não conseguem receber visitas.

"Existe ali uma situação de extremo constrangimento a esses idosos", diz Fábio Fortes, presidente do conselho.

OUTRO LADO

De acordo com Roberto Porto, secretário de Segurança Urbana, a prefeitura já tem conhecimento da situação. "Estamos intensificando as ações para minimizar o problema, inclusive no trabalho em conjunto com a PM para prender traficantes", diz.

Segundo o secretário, um ônibus da Guarda Civil foi estacionado próximo ao asilo, para fazer a vigia da entrada.

Na esquina do lado oposto do quarteirão, um carro da Polícia Militar fica parado.

Para tentar reduzir o número de usuários que se reúnem no local durante a madrugada, a prefeitura expandiu as ações de abordagem feitas por agentes de saúde e da assistência social.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública, do Estado, informou que há apenas um registro de roubo contra uma moradora da Nova Luz.

A pasta afirma ainda que irá intensificar o policiamento em frente ao asilo para tentar inibir os crimes.


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