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O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Adauto Alonso Silvinho Suannes (1937-2014)

Um desembargador artista

FABRÍCIO LOBEL DE SÃO PAULO

Certa vez na década de 70, nos corredores do Tribunal de Justiça de São Paulo, rondava a provocação de que o desembargador Adauto Suannes seria um comunista.

Ele então pensou na réplica ideal: chegar no tribunal vestindo uma chamativa gravata vermelha. Incapaz de achar a peça de vestuário, desistiu da ideia.

Outra vez, quando descobriu a existência de brincos de pressão, aborreceu suas filhas para que lhe arranjasse um. A justificativa era apenas a de causar o estranhamento entre os amigos de toga.

O espírito provocador e contestador de Adauto o acompanhou durante toda a vida, segundo a família. Mas além da inteligência e sagacidade invejáveis, o jurista será lembrado também por seu amor às artes.

Adorava os poemas Fernando Pessoa e canções de Astor Piazzolla.

E entre um habbeas corpus e uma revisão criminal que analisava no escritório de casa, poderia também facilmente levantar-se de sua escrivaninha e atravessar um corredor até o quarto ao lado.

A partir daí, passava a dedicar-se a uma escultura de argila ou massa plástica, que tinha o inconveniente de impregnar o apartamento com um forte cheiro.

Suas esculturas eram sempre assinadas com o heterônimo de Adalon, para que não se confundisse sua atividade artística e jurídica.

Adauto foi ainda um dos fundadores do IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais).

Morreu na quinta-feira, aos 76 anos, em São Paulo, vítima de um câncer. Deixa viúva, duas filhas e dois netos.


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