Folha de S.Paulo

Grella troca comando e promete mudanças

DE SÃO PAULO

O novo secretário da Segurança Pública, Fernando Grella, disse que vai reformular o setor de inteligência da Polícia Civil e que nenhum homicídio ficará sem ser esclarecido em São Paulo.

"Nenhuma morte vai ficar sem esclarecimento. Todas as hipóteses levantadas de motivação desses crimes serão esclarecidas e apuradas. Não é possível que a gente deixe sem resposta todas essas mortes ocorridas nesse contexto", disse em entrevista ao programa "SPTV", da Globo.

Questionado pela Folha por meio de sua assessoria, ele não informou, no entanto, como fará essas mudanças nem como os policiais irão esclarecer os mais de 3.800 assassinatos ocorridos no Estado neste ano.

Grella disse ainda que vai se dedicar à união das polícias Civil, Militar e Científica e que vai iniciar um programa para que os peritos cheguem com maior rapidez aos locais de homicídios.

"Estamos instituindo um mecanismo, nesta semana, para viabilizar a presença da polícia Científica em locais de crimes violentos, como homicídios, imediatamente."

A diretora do Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo, Maria Márcia Kesselring, disse que essa proposta de Grella é impossível de ser executada.

"Com o atual quadro, onde temos 1.177 peritos que fazem 660 mil laudos por ano, só conseguiremos fazer o que o secretário quer se formos clonados", afirmou.

Em sua primeira entrevista após assumir o cargo, o novo secretário fez algo que seu antecessor, Antonio Ferreira Pinto, não tinha feito: admitiu que o Estado passa por uma crise na segurança.

NOVO COMANDO

Ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou quem serão os novos chefes das polícias Civil e Militar.

O delegado-geral será Luiz Maurício Blazeck, que já atuou em Sorocaba, no Deic (crime organizado), no DHPP (departamento de homicídios) e atualmente estava na Academia da Polícia Civil.

A Folha apurou que o outro cotado para o cargo, Mário Leite de Barros Filho, não quis assumir a função nesse momento de crise.

O comandante da PM será o coronel Benedito Meira, que já atuou em Bauru e atualmente era secretário da Casa Militar. Antes de escolhê-lo, o secretário entrevistou os coronéis Sérgio Merlo, que chefia um batalhão da PM na capital, e Glauco de Carvalho, comandante em Guarulhos.