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Análise Sítio Arqueológico

No novo Pinheiros, as raízes do bairro encontram seu futuro

Escavação de sítio arqueológico atrasa revitalização, mas é um ganho para a cidade

FERNANDO SERAPIÃO ESPECIAL PARA A FOLHA

É IRÔNICO: NA CIDADE QUE NÃO TEM MEMÓRIA, A MUDANÇA DE PINHEIROS É ATRAPALHADA POR SEU PASSADO

Há uma década, a Prefeitura de São Paulo organizou um concurso de arquitetura para reorganizar o largo da Batata. Nas entrelinhas, a ideia era rearranjar o sistema viário da região, preparando-a para uma drástica mudança de uso.

Potencializada por uma operação urbana e pela chegada do metrô, a verticalização não emplacava na região, que resistia graças à força do comércio popular, ao arruamento confuso e ao caótico terminal de ônibus.

Mas legislação e mercado imobiliário entendem Pinheiros como extensão natural da Faria Lima, com torres de escritórios e serviços -sai o camelô, entra o engravatado.

O concurso foi vencido pela equipe de Tito Livio Frascino e as obras demoraram cinco anos para começar. Mas ninguém previu o inevitável: ao escavar o coração do bairro mais antigo de São Paulo, era muito provável encontrar material arqueológico.

Pinheiros foi fundado oficialmente em 1560 -e há pistas de que ali já existisse uma aldeia indígena. No final do século 16, habitavam a região cerca de 600 índios.

Após ataques de etnias rivais, incêndios da igreja, briga entre jesuítas e beneditinos etc., a localidade entrou em decadência e transformou-se em um local de parada de viajantes que saíam de São Paulo rumo ao Sul do país.

A provável explicação é a geografia: naquele trecho, o rio Pinheiros era mais estreito, facilitando a travessia; com a alta do rio, havia necessidade de pernoitar.

A descoberta do sítio arqueológico é importante e a velocidade da escavação não é pautada pela vida cotidiana. A demora prejudica, por exemplo, os comerciantes, que desde 2007 aguardam o fim. Infelizmente, não existem instrumentos para compensar as perdas econômicas.

Quem ganha é a cidade e o cidadão, que poderão conhecer um pouco mais sobre sua história. É irônico pensar que, na cidade que não tem memória, a maior mudança da existência de Pinheiros seja atrapalhada por vestígios de seu passado.


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