Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise no cinema

Atuação em "São Paulo S/A" é uma performance antológica

DANIEL CAETANO ESPECIAL PARA A FOLHA

Há poucos meses tive a oportunidade de apertar a mão de Walmor Chagas pela primeira e única vez -foi no lançamento de uma edição da revista "Filme Cultura" durante o Festival do Rio.

A chegada de Walmor paralisou momentaneamente os presentes, silenciosos diante do ator de filmes como "São Paulo S/A" (1965).

Diante do respeito solene com que era recebido, Walmor quebrou o gelo com humor: "Onde a gente pode sentar para tomar uísque?".

Em "São Paulo S/A", o clássico dirigido por Luís Sérgio Person, a sua composição do protagonista Carlos -uma interpretação realista e cheia de nuances para o personagem ambicioso que terminava aprisionado pela metrópole- se tornou uma das mais celebradas performances da história dos filmes brasileiros.

Em "Xica da Silva" (1976), de Carlos Diegues, seu porte nobre era ideal para ser dominado pelo desejo pela protagonista interpretada por

Zezé Motta. Sua grandeza era tão transparente ao vivo como sempre foi nas telas de cinema. Essa foi uma característica que foi usada com inteligência por Ugo Giorgetti no seu último trabalho nas telas, "Cara ou Coroa" (2012).

Nesse filme, Walmor Chagas interpretou um general aposentado cuja neta, durante o período mais violento da ditadura militar, escondia terroristas no porão.

Ex-combatente da Segunda Guerra, ao ser informado da prática de torturas estimulada pelo regime, ele afirmava responder a isso com seu exemplo de honra pessoal.

Era um personagem a um fio de ganhar uma dimensão ridícula ou falsa, não fosse pelo intérprete ser quem era. Numa cinematografia marcada por grandes atores, ele foi um dos maiores.

É pena que esses filmes não estejam plenamente acessíveis -"São Paulo S/A" foi lançado em DVD, mas é raro vê-lo na TV. "Cara ou Coroa" foi visto por pouca gente. Resta torcer para que reúnam seus filmes numa mostra.

DANIEL CAETANO é cineasta e professor da UFF. É colaborador da revista "Filme Cultura"


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página