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Opinião

É preciso mais do que os mesmos discursos para mudar a situação

MARCOS FUCHS ESPECIAL PARA A FOLHA

Uma morte choca, mais de cem vira índice. Como não oscilar entre euforia e depressão toda vez que a Secretaria da Segurança divulga a triste conta que a violência nos passou?

A cultura da agressão, policial ou não, como forma preferencial de resolver impasses na cidade ainda levará gerações para mudar. Até lá, consumirá muitos de nossos filhos.

Nenhum retrato fugaz dos números de homicídios, latrocínio, estupro, furto e roubo a banco é suficiente para capturar a essência do tempo em que vivemos -em que a cidade endurece em seu espaço público e em suas relações.

Precisamos de mais do que números para explicar o estado em que vivemos. Assim como precisamos muito mais do que os mesmos discursos de sempre para mudar.

A recente troca de cargos na Secretaria da Segurança afastou os temores mais imediatos de uma política criminosa de extermínio. O fim dos "autos de resistência", que mascaravam execuções cometidas pela polícia, também.

Há sinais de que as coisas podem mudar. Mas, para isso, são necessários passos ainda mais corajosos do poder público, como priorizar a investigação em vez de simplesmente lançar maus policiais em cima de pessoas "em atitude suspeita" nos bairros pobres.

E, quando tudo o que está à vista da classe média for feito, restará ainda o mais difícil: encarar de frente a violência oculta que atinge diretamente 500 mil pessoas no Brasil, 40% delas em São Paulo, que é a longa lista de crimes brutais cometidos todos os dias num sistema carcerário que discrimina, tortura, mata e não regenera ninguém, refletindo diretamente nesses números redondos apresentados ontem que, por piores que sejam, ainda assim, acredite, refletem o "menos pior" da nossa crueldade.

MARCOS FUCHS é diretor-adjunto da ONG Conectas Direitos Humanos


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