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'Pessoas pisoteavam pessoas', diz rapaz que conseguiu sair

Estudante, um dos primeiros a deixar a boate, afirma que porta era pequena para 'sair muita gente ao mesmo tempo'

'Todo mundo estava solidário, quem tinha carro foi levando para os hospitais, não tinha ambulância suficiente'

DO ENVIADO A SANTA MARIA (RS)

Entre os que se salvaram da tragédia na boate Kiss, Douglas Lens, 19, prestes a começar a faculdade de direito, foi um dos primeiros a conseguir escapar.

-

Estava em uma roda bem no fundo da boate. Um amigo meu falou: 'Vamos dar uma volta [dentro da casa]?'. A gente parou bem no meio da boate, mais perto da saída. Eu estava conversando com um amigo quando olhei para o palco e vi o incêndio. Gritei: 'Fogo, fogo!'. Não vi como começou.

As pessoas também gritavam 'Fogo, fogo'. Peguei na mão do meu amigo e saímos correndo. Eu, ele e outro amigo fomos um dos primeiros a sair. Foi um milagre!

Os outros que estavam conosco ficaram mais para o fundo. Perdi três amigos, duas gurias e um guri.

No começo, os seguranças não queriam liberar as portas, acharam que era uma briga. Houve um tumulto e, quando liberaram, a galera foi afunilando.

Só tinha uma porta, pequena para sair muita gente ao mesmo tempo. Foi saindo todo mundo desesperado, pessoas pisoteando pessoas...

Tinha um carro parado bem na frente [na rua], meio que trancando a passagem. Quebraram o carro. Foi horrível, foi horrível.

Depois, todo mundo estava bem solidário, abanando o pessoal, dando água, dando refri. Pegaram ferramentas para tentar furar a parede e achar gente ainda com vida. Quem tinha carro foi levando para os hospitais. Não tinha ambulância suficiente.

Eu mesmo ajudei um amigo, coloquei ele no carro e fui para o hospital. Tinha uma fumaça preta [pela rua], não se enxergava nada.

Foi questão de minutos [entre os gritos de fogo e a destruição]. É difícil ter noção de tempo. Mas acho que foram dois ou três minutos, muito rápido. Eu saí e só via gente saindo carregada. Iam largando na calçada. Tinha gente que perdeu roupa, calçado.

Teve muita gente me ligando para saber onde eu estava, como eu estava. Gente tentando ligar para os meus amigos. Tinha falta de informação, um falava uma coisa, outro falava outra. Não chegava em uma coisa concreta.

Eu gostava de ir lá [na Kiss], era um dos lugares mais populares da cidade.


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