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Motoristas suspendem circulação de ônibus à noite em Florianópolis
Funcionários do transporte coletivo afirmam temer onda de violência que atinge o Estado
Restrição vale a partir de hoje na região metropolitana; neste ano, houve 37 atentados contra esses veículos
A onda de violência em Santa Catarina fez motoristas e cobradores de ônibus da Grande Florianópolis decidirem limitar o horário do transporte coletivo: a partir de hoje, a circulação vai das 7h às 19h.
A medida foi tomada após assembleia realizada ontem pelo sindicato da categoria. Motoristas e cobradores dizem temer novos ataques -das 98 ocorrências registradas em 30 cidades até as 18h de ontem, 37 foram contra ônibus, a maioria vazios.
O 98º ataque foi de madrugada, em Tubarão (a 131 km de Florianópolis): um caminhão foi parcialmente queimado.
Desde o início dos atentados, no fim de janeiro, o transporte coletivo de Florianópolis opera das 7h às 23h, com escolta após as 20h. As linhas da madrugada foram suspensas.
"Não nos sentimos seguros para trabalhar", disse Antônio Carlos Martins, do sindicato dos trabalhadores. Por dia, cerca de 330 mil pessoas usam transporte público na região.
O presidente do sindicato das empresas, Valdir Gomes, diz que o horário reduzido causa perda de receitas, mas justifica que os funcionários não podem ser obrigados a trabalhar sem segurança. Na semana passada, a entidade disse ao governo que a violência poderia levar a reajuste da tarifa.
O presidente da federação dos lojistas no Estado, Sérgio Medeiros, calcula que as vendas noturnas caíram 30% desde que a circulação de ônibus foi reduzida.
Segundo especialistas, a situação se agravou porque o governo demorou a reconhecer a crise. "Os criminosos conseguiram criar um estado de medo", disse o sociólogo e advogado Sandro Sell. Ele critica a indicação de políticos para postos-chave da segurança pública.
"Existe uma falta de harmonia entre os Poderes", avalia a professora Marina Keiko Nakayna, do grupo de estudos em segurança da UFSC.
