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Bate-boca suspende transmissão de júri de Mizael
Juiz interrompeu divulgação da sessão após discussão entre irmão de Mércia e a defesa
O primeiro dia do julgamento do policial militar aposentado Mizael Bispo de Souza, 43, foi marcado por grande tensão entre defesa e acusação e um bate-boca que culminou na suspensão temporária da transmissão ao vivo.
O réu é acusado de matar a advogada Mércia Nakashima, 28, sua ex-namorada, e de jogar o corpo e o carro dela em uma represa de Nazaré Paulista (a 64 km de São Paulo) em 23 de maio de 2010.
O júri no Fórum de Guarulhos é o primeiro do país a ser transmitido ao vivo por rádios, TVs e internet.
Num depoimento intercalado por choros, o irmão de Mércia, Márcio Nakashima, exaltou-se ao lembrar dos conflitos com o advogado de Mizael, Ivon Ribeiro, na época do crime. Ele foi a primeira testemunha a falar.
"O dr. Ivon chegou a dizer que eu e minha irmã temos uma ficha criminal com mais de 30 páginas. Ele disse que ela era garota de programa, que Mizael a conheceu porque ela fazia programa", afirmou.
"Me processa", retrucou Ribeiro, ao gritos.
"Vou te processar mesmo. Vocês são todos iguais. Vocês faltaram com respeito", disse Márcio, também aos berros.
O juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano suspendeu a transmissão e os advertiu. Três minutos depois, a transmissão voltou, mas a tensão persistiu.
Quando a defesa começou a questioná-lo, Márcio incomodou-se com o tom do advogado, que por vezes fazia a mesma pergunta para tentar apontar contradições entre o que ele dizia e o que afirmara em depoimentos anteriores. O juiz então fez nova paralisação do interrogatório.
O clima de tensão entre Márcio e a defesa começou já o início do depoimento, quando ele afirmou que não gostaria de falar na presença de Mizael.
Após protestos dos advogados, que argumentavam que o policial, que também é advogado, ajudaria na própria defesa, Mizael foi retirado do plenário, a pedido do juiz.
Márcio afirmou que Mizael era ciumento e perseguia Mércia. "Ele não aceitava o fim da relação, nunca concordou."
ALGA
No final da tarde, foi ouvido o perito biólogo Carlos Eduardo de Mattos Bicuto, que afirmou que a alga achada em um sapato de Mizael é típica da represa de Nazaré Paulista e que ela não poderia se desenvolver em locais como poças d'água, como afirma a defesa.
O engenheiro de telecomunicações Eduardo Amato Tolezani, último a depor, mostrou, com registros telefônicos, que Mizael fez ligações à noite em um local distante do que o GPS de seu carro apontava.
Mizael afirma ter ficado a noite toda no estacionamento do Hospital-Geral de Guarulhos com uma prostituta. Para a Promotoria, apenas seu carro ficou lá e ele seguiu para a represa no veículo de Mércia.
O primeiro dia do júri foi encerrado às 20h30.