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Análise

Com foco em si, juiz participa de 'sensacionalismo' que temia

NELSON DE SÁ DE SÃO PAULO

Esperava-se um "reality show" do júri popular que era saudado desde cedo como "o primeiro a ser transmitido ao vivo na história da Justiça brasileira", no dizer da Globo, direto do Fórum de Guarulhos.

E não faltou algum espetáculo, mas só depois de horas e mais horas arrastadas, com a leitura de perguntas sem fim e respostas pausadas do irmão de Mércia Nakashima, por vezes chorando, mas contido.

Para encher o tempo, especialistas eram chamados. Como o advogado que conversou com Fátima Bernardes sobre o eventual "caráter intimidador" das câmeras, mas também elogiando a "transparência".

O temor era quanto à "execração pública" do réu -e ela logo começaria, em manchetes on-line como "Mizael era possessivo" ou "Mizael disse que Mércia encontraria Deus".

No meio do dia, o juiz que autorizara as câmeras anunciou pausa, porque os jurados pediram para "usar o toalete", e instruiu: "Peço que coloquem panos em cima das câmeras". A tela nos sites ficou escura. Vários segundos depois, entraram, amadoristicamente, os dizeres "Fórum de Guarulhos - Intervalo".

César Tralli, na Globo, explicaria depois que aquela primeira transmissão tinha pouco de moderno mesmo. "Não é que o juiz fica lá com um joystick", como num game.

A modorra da cena só foi mudar à tarde, abruptamente. O irmão da vítima bateu boca com um dos advogados, alegando insinuação moral. O juiz suspendeu a transmissão.

Voltou depois, e o julgamento prosseguiu. Porém, quando testemunha e advogado ensaiavam novo embate, ordenou que as perguntas fossem feitas indiretamente, com ele próprio de porta-voz.

Chamando as câmeras para si, o juiz Leandro Cano conseguiu, se não conter o "sensacionalismo" que temia, ao menos participar dele, alcançando a "transparência" que almejava.


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