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Ronaldo Fraga leva várzea às passarelas
Estilista mineiro apresentou ontem na São Paulo Fashion Week peças inspiradas na história do futebol brasileiro
"Looks" eram de saias e vestidos na tendência dos listrados, tecidos feito de redes e sem cintura marcada
O estilista Ronaldo Fraga escreveu um texto interessante para falar sobre a sua nova coleção de verão, inspirada no futebol e apresentada ontem no final da tarde na São Paulo Fashion Week.
"... A elite brasileira imediatamente toma gosto pelo futebol. Torna-se extremamente chique bater uma bolinha, claro, vestidos de seda pura e do melhor linho acetinado", diz a certa altura.
A época descrita por ele é 1894, mas a combinação é atualíssima, como Ronaldo elegantemente mencionou nas entrelinhas do seu texto. Mas também do seu desfile.
As jogadoras criadas por ele circularam entre os uniformes das décadas de 1930, 1940 e 1950. Eram modernas e elegantes com suas saias e vestidos na tendência dos listrados, tecidos feito redes, levemente transparentes.
Também se mostraram delicadas vestindo seus "looks" sem cintura marcada, criando a famosa silhueta brejeira que o estilista tanto aprecia.
O cenário não era o dos grandes estádios, mas o da várzea, mais bucólico e, é claro, mais popular, como o estilista tem preferido desde os primeiros passos na moda.
As maiores grifes esportivas do mundo, as mais milionárias (para não falar de operadoras de telefonia celular e outros conglomerados), também adoram mostrar um campinho desses, "terra natal" de alguns dos maiores ídolos dos gramados.
A tendência da apropriação de fenômenos populares pelas elites, apontada por Ronaldo em seu texto, se refletiu até na plateia.
Sua convidada de honra foi a ex-senadora e ex-ministra Marina Silva, filha de seringueiros e de origem humilde.
Ela foi ao evento angariar assinaturas para fundar um partido e concorrer à Presidência da República.
Entre os seus apoiadores há expoentes de várias elites, como Fernando Meirelles, Wagner Moura, Gilberto Gil e Adriana Calcanhotto.
A parceria entre elite e massa pode ter vários resultados. É como no futebol: depende muito dos times e dos técnicos. No caso da coleção de Ronaldo, porém, não restam dúvidas: é mais um gol brasileiro, meu povo.
