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Redação do Enem com hino do Palmeiras recebe nota 5

Citação do clube, em texto sobre imigração, não motiva anulação, diz MEC

Cerca de 300 redações do Enem do ano passado apresentaram 'inserções indevidas'; docente critica nota

FLÁVIA FOREQUE DE BRASÍLIA

Num universo de 4 milhões de redações do último Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), cerca de 300 textos apresentaram alguma "inserção indevida": trechos aleatórios ou desconexos com o tema -movimento imigratório para o Brasil no século 21.

Fugir ao tema, no entanto, foi relativizado por quem corrigiu as redações do exame. Para o Inep, órgão do Ministério da Educação responsável pelo Enem, a irreverência de um aluno que citou trecho do hino do Palmeiras na redação, por exemplo, não foi motivo para anulá-la.

O palmeirense recebeu nota 500 -a nota máxima é 1.000-, o que equivale a uma nota 5 numa escala de 0 a 10.

"As capitais, praias e as maiores cidades são os alvos mais frequentes dos imigrantes, porque quando surge o alviverde imponente no gramado onde a luta o aguarda, sabe bem o que vem pela frente e que a dureza do prélio não tarda", redigiu o aluno, citando o hino do Palmeiras.

A homenagem ao time ocupou parte de dois dos quatro parágrafos do texto -os demais seguiram o tema sugerido. Para o Inep, palavras e expressões usadas estão "em estilo inadequado", o que teria reduzido a nota dele.

"Retirando-se do texto os trechos do hino transcrito pelo participante, ainda restaram ideias e argumentos aproveitáveis ao desenvolvimento do tema", diz parecer técnico que justifica a nota 5 para o palmeirense. "A nota final, relativamente baixa, deve-se também aos numerosos erros de adequação da linguagem à escrita padrão."

RECEITA

Argumento semelhante foi dado para justificar a pontuação de redação que citou receita de Miojo, como revelou ontem o jornal "O Globo". A escolha do aluno foi considerada "inoportuna e inadequada" -a pontuação nesse caso foi 560 -ou 5,6 de 0 a 10.

"Acrescente-se ainda que o texto, em sua totalidade, não fugiu ao tema, e não feriu os direitos humanos. Tampouco cabe dizer que o participante teve a intenção de anular sua redação, uma vez que dissertou sobre o tema e não usou palavras ofensivas", justificou o MEC.

Professores de redação, entretanto, ponderam que as notas dadas nos casos ainda são altas. "No mínimo, o aluno não está levando a sério [a avaliação do Enem]", diz Waldson Muniz, professor de português do ensino médio do colégio Galois, em Brasília.

"E ele fugiu do assunto. É como se eu estivesse numa entrevista e começasse a falar de futebol. Onde está a sequência do raciocínio?"


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