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Análise

Acidente é baque para tese de uma 3ª via e deixa vácuo no PSB

FERNANDO RODRIGUES DE BRASÍLIA

Eduardo Campos funcionava como um amálgama de forças dentro de seu partido, o PSB. Entre os de sua geração, foi o que mais se preparou dentro dos cânones da ortodoxia política para tentar viabilizar uma terceira via no cenário federal. Sua meta era romper o revezamento de 20 anos de PT e PSDB.

Houve outros políticos nas últimas décadas que tentaram vestir o figurino da terceira via. Ciro Gomes, em 1998 e 2002, e Anthony Garotinho, em 2002, tiveram amplas votações, de 11% a 18% dos votos válidos. Mas suas trajetórias erráticas e polêmicas, em várias siglas, os tornavam diferentes de Campos.

Sempre que terminava uma eleição, nunca era possível ter certeza se Ciro ou Garotinho seriam candidatos nas seguintes.

Muito menos com que forças poderiam se coligar.

Marina Silva tentou encarnar a terceira via em 2010. Teve perto de 20% dos votos. Só que a ex-senadora pelo Acre pode ser tudo, menos uma política ortodoxa. Isso também a diferencia de Campos.

Já o ex-governador de Pernambuco construiu sua carreira dentro de uma só legenda. Sempre se posicionou do centro para a esquerda do espectro político.

Acreditava que os brasileiros algum dia romperiam com a polarização PT-PSDB trilhando esse caminho. Ao mesmo tempo, circulava com desenvoltura pelo establishment econômico. Jorge Gerdau Johannpeter, entre outros empresários, era um de seus admiradores.

Pelo papel que representava no PSB e pela construção de um sólido projeto rumo ao poder central, a morte de Campos traz consequências múltiplas para o cenário político brasileiro.

O pessebista de 49 anos poderia não vencer a disputa pelo Planalto deste ano --até porque estava apenas em terceiro lugar. Só que seu nome era quase um consenso quando se tratava de listar candidatos competitivos para 2018.

Havia possibilidade real de consolidação da terceira via no Brasil com ele. Fora do PT e do PSDB não há nenhum político no momento com a envergadura de Campos, no plano nacional, para ser considerado já uma opção competitiva em 2018 --com a ressalva sobre Marina, que é uma alternativa com outro tipo de formação.

Esse baque para a terceira via no plano nacional também se aplica ao PSB. Campos comandava o partido com mão de ferro.

Dobrou várias facções que não o desejavam como candidato a presidente. Ciro Gomes e seu grupo foram quase expelidos da legenda --todos, inclusive o governador cearense, Cid Gomes, foram se abrigar no minúsculo Pros.

A morte do pessebista deixa o seu partido órfão de um líder. Abre-se um vácuo que dificilmente será preenchido por alguém com a autoridade de Campos.


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