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Som que vem da Idade Média
Ex-arquiteto produz peças raras em sobradinho no Alto da Lapa
Num quarteirão de casas envoltas em árvores no Alto da Lapa, uma delas abriga uma oficina que remete a um cenário de cinema europeu.
Lá dentro, a tecnologia mais moderna é a de um rádio e toca CDs empoeirado, sem uso há três anos. Ao redor, há paredes e superfícies cobertas por centenas de instrumentos típicos dos períodos medieval, barroco, romântico e clássico. Quem vê as peças consegue perambular entre os séculos 12 e 18.
É nesse ambiente que Roberto Holz, 63, passa os dias e as madrugadas recriando instrumentos antigos. O ex-arquiteto é capaz de replicar uma infinidade de instrumentos de sopro e corda -sendo que alguns deles nem existem mais. "A sofisticação do som deles me atrai."
Holz faz questão de trabalhar à moda antiga, com ferramentas que ele próprio confeccionou. Pode usar plantas de instrumentos e basear-se em modelos que coleciona, ou também criar a partir do zero, auxiliado por descrições e imagens. "Faço um protótipo e sinto o resultado. Experimento até chegar no que quero."
Paulistano, Holz ganha a vida como fabricante de instrumentos há 30 anos. Começou com uma flauta barroca, encomendada por um amigo.
Hoje, seus serviços são solicitados por membros da família real brasileira -há duas semanas, finalizou a manutenção de uma flauta feita sob medida para dom Francisco de Orleans e Bragança.
Sentimental, o artesão guarda pedaços de cada flauta que faz.