São Paulo, sábado, 18 de setembro de 1999


 


Voluntário tem hora
fixa para ajudar

da Equipe de Trainees

Ao chegar à AACD (Associação de Assistência à Criança Defeituosa), a primeira atitude de Magda de Jesus, 48, é assinar o livro de ponto. E ela não é funcionária, mas voluntária da instituição.
Formada em pedagogia, Magda começou o trabalho voluntário na entidade há oito anos, no setor escolar. Depois, foi cuidar de eventos _organizava feiras e festas para a AACD.

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Magda de Jesus, voluntária da AACD, assina o livro de ponto quando
chega à entidade


Hoje, ela é presidente do voluntariado da organização. Apesar do cargo, segue as mesmas regras que os cerca de 700 voluntários da instituição: assina livro de ponto, usa crachá e uniforme.
Uma diferença entre ela e os demais voluntários é que, enquanto eles ficam em média seis horas por semana na entidade, ela fica a semana toda.
Fora da AACD, Magda presta, eventualmente, assessoria a políticos, eventos e cerimoniais. Usa essa experiência no trabalho voluntário à instituição.
Mas ela é uma exceção. Na AACD, ao contrário do que acontece em outras instituições, o voluntário não doa sua especialização profissional. A instituição procura colocar seus voluntários em áreas diferentes daquelas em que eles trabalham no dia-a-dia.
Não é o caso do Programa Adotei um Sorriso, da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança. Nele, a experiência profissional é fundamental para o voluntário. Só participam do programa dentistas. Cada um cuida da saúde bucal de uma criança carente até que ela complete 18 anos.
Segundo Fábio Bibancos, diretor nacional do programa, já são 1.173 dentistas (incluindo ele próprio) cuidando de crianças em 40 municípios brasileiros.
Bibancos trabalha também em clínica própria como ortodontista e odontopediatra. “Sou dentista e o melhor que eu posso fazer não é pintar parede. É ser dentista.”
A ginecologista Ana Eugênia de Azevedo Gléria, 46, também doa trabalho. Durante quatro horas por semana _toda quarta-feira de manhã_, presta assistência à instituição Casas de Betânia, que cuida de crianças de três meses a 12 anos, em Ribeirão Preto (319 km ao norte de SP).
Gléria tem seu próprio consultório e, como voluntária, atende na instituição às mães das crianças e mulheres da comunidade local, há mais de 20 anos.
Em outra entidade, a Associação Viva e Deixe Viver, que leva contadores de histórias para crianças internadas em hospitais, só há voluntários.
Aqueles que cuidam da administração da entidade, chamados de “fazedores de história”, usam sua experiência profissional no trabalho doado. É o caso de Claudia Santoro, 35, responsável pela área de comunicação da entidade. Ela faz a estruturação de projetos e capta recursos para a instituição.
Formada em propaganda e publicidade, Santoro tem uma empresa de assessoria de comunicação, onde planeja e produz eventos. “Trato a associação como se fosse mais um cliente da minha empresa.” (BM)


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