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DINHEIRO
Gráfica mantida por organização sem fins
lucrativos fatura R$ 150 mil por mês; o lucro
é aplicado em programa de educação
Mercado e lucro viram meta
de ONGs profissionais
NEY HAYASHI DA CRUZ
da Equipe de Trainees
Entidades filantrópicas que optarem pela profissionalização
para atender melhor seu público irão se deparar com diversas
possibilidades de atuação.
Uma delas é realizar atividades comerciais e investir o lucro em
programas sociais.
Exemplo disso é a Laramara, fundada em 1991, que atende cerca de
350 deficientes visuais por mês em São Paulo.
A instituição, que não tem fins lucrativos, possui
uma gráfica que faz serviços como impressão de folhetos
e de bulas de remédios.
Cleo Velleda/Folha
Imagem
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Aluno da Associação
Rodrigo Mendes durante
curso de pintura para
deficientes físicos
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O empreendimento tem um faturamento mensal médio de R$ 150 mil,
e todo o seu lucro é investido em projetos sociais, como cursos
de informática e de inglês adaptados às necessidades
dos deficientes visuais.
Para Rosângela Barqueiro, consultora técnica da Laramara,
iniciativas como essa são importantes não só para
a instituição, mas também para quem quer ajudá-la.
Quem quiser contribuir não precisa fazer doações,
basta utilizar a nossa gráfica.
DIVERSIFICAÇÃO
Outro caminho da profissionalização é adotar serviços
de telemarketing. Esse trabalho consiste em fazer com que algumas pessoas
ligadas à instituição _voluntários ou funcionários
contratados_ façam, por telefone, pedidos de doações.
A equipe de telemarketing da Laramara é composta por 32 pessoas.
Todas elas são contratadas como funcionários.
Segundo Isabel Rodrigues, coordenadora de telemarketing da instituição,
são feitas cerca de 3.000 ligações por dia, sendo
que 600 resultam em doações. As pessoas contatadas, disse
Rodrigues, são escolhidas na lista telefônica.
A coordenadora afirmou que os atendentes são orientados a não
serem apelativos ao pedir doações e disse também
que a instituição procura respeitar a vontade de pessoas
que não querem contribuir. Mas, ainda segundo ela, uma mesma pessoa
costuma ser contatada, em média, a cada três ou quatro meses.
A Laramara oferece um curso de telemarketing para deficientes visuais.
Alguns chegam a ser contratados pela instituição. Hoje,
a equipe conta com oito deles.
O atendente Marcelo Silva de Andrade, 23, é deficiente visual desde
os 16 anos e trabalha no telemarketing da Laramara há um mês.
É o seu primeiro emprego desde a perda da visão.
Andrade afirmou que só fala sobre a sua deficiência visual
ao possível doador quando existe uma abertura. Ele
disse que isso muda a atitude das pessoas, mas nem sempre é suficiente
para convencê-las a fazer a doação.
CARTEIRA ASSINADA
O dinheiro arrecadado por esse tipo de iniciativa também está
sendo utilizado pelas entidades assistenciais na contratação
de profissionais que possam oferecer ao público atendido serviços
de melhor qualidade.
Esses profissionais são pagos para se dedicar exclusivamente à
entidade, ao contrário de voluntários que prestam serviços
gratuitos e esporádicos.
A Associação Rodrigo Mendes oferece cursos de artes plásticas
para deficientes físicos em São Paulo. Seus três professores
têm carteira de trabalho assinada.
Tivemos experiências com voluntários que não
deram certo, afirmou Sônia Mendes, diretora da associação
que foi fundada em 1994 e só passou a contar com o trabalho de
voluntários em 1996.
A remuneração também permite que os profissionais
façam cursos de especialização para aprimorar suas
habilidades. Com isso, as instituições podem contar com
colaboradores cada vez mais bem preparados.
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