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Religiosos são mais da metade da força
de trabalho solidária
da Equipe de Trainees
Mais da metade (58%) dos voluntários no Brasil são ligados
a alguma instituição religiosa, conforme pesquisa do Iser
(Instituto de Estudos da Religião), feita pela pesquisadora Leilah
Landim.
Otávio
Dias de Oliveira/Folha Imagem
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Marcelo de Andrade,
deficiente visual, trabalha como atendente de telemarketing da Laramara
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Segundo a pesquisadora Regina Novaes, também do Iser, é
difícil obter dados sobre ação social dos grupos
religiosos porque cada um tem suas próprias estatísticas.
A última pesquisa sobre trabalhos sociais da Igreja Católica
foi feita em 1996, pelo Ceris (Centro de Estatística Religiosa
e Investigações Sociais). Naquele ano, 1.119 projetos sociais
foram realizados no Rio de Janeiro, envolvendo 4.647 trabalhadores remunerados,
151 que vieram do governo e 11.592 voluntários. Foram atendidas
1.738.621 pessoas.
ESPÍRITAS
Em 1993, 94% dos 110 centros espíritas existentes no Rio de Janeiro
prestavam algum tipo de assistência social, segundo dados fornecidos
por Émerson Giumbelli, doutorando em antropologia social pela UFRJ
(Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Giumbelli realizou pesquisa sobre a ação de instituições
espíritas em trabalhos sociais no Rio de Janeiro, também
pelo Iser.
Para o pesquisador, existe uma certa tensão entre a profissionalização
dos serviços sociais realizados por casas ligadas ao espiritismo
e os valores que levam os espíritas a fazerem trabalho social.
Giumbelli afirma que muitos espíritas se opõem à
profissionalização do setor, porque dizem acreditar que
ela contraria a tradição espírita de assistência
aos mais necessitados.
Os dados sobre os evangélicos são os mais difíceis
de obter devido à divisão das igrejas. Mas o trabalho com
solidariedade faz parte da atuação dos integrantes das diversas
denominações.
Para Regina Novaes, os evangélicos afirmam que não
é suficiente levar a palavra de Deus, mas também a sopa.
Levam o remédio para o espírito e para o corpo. Segundo
ela, o que diferencia a solidariedade evangélica da católica
é que esta tradicionalmente teve apoio estatal.
METODISTAS
Em 1998, a Igreja Metodista tinha 110 projetos sociais na Grande São
Paulo, sendo dois de caráter regional e o restante de iniciativa
de cada congregação, afirma a pastora Eloá Mara Peres
Borges de Souza. Algumas igrejas têm projetos mais específicos,
auxiliando pessoas de ruas, por exemplo. Outras distribuem remédios
e cestas básicas. A estimativa é que 1.480 pessoas tenham
sido atendidas pela igreja em 1998.
O padre Fernando Altemeyer, professor de teologia da PUC-SP (Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo), critica o exagero na
profissionalização do trabalho voluntário. Haveria
o perigo de as obras sociais tornarem-se cabide de emprego
para pessoas que não tenham a alma do negócio,
o sentimento fraterno que motiva o voluntariado.
Segundo o estudo de Leilah Landim, as pessoas que fazem trabalho solidário
remunerado em entidades religiosas perfazem 8,4% do pessoal empregado
em entidades sem fins lucrativos no Brasil. Se todos os voluntários
religiosos fossem remunerados, esse número subiria para 20% do
total de pessoal assalariado nas instituições sem fins lucrativos.
(RUI DA SILVA SANTOS)
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