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Paulo Vinícius Coelho

A fome de Neymar

Se ganhar a Copa, o Brasil será pequeno demais para ele e, se perder, vai ficar insuportável pelas cobranças

Cristiano Ronaldo está insatisfeito no Real Madrid. Seu salário de 1 10 milhões anuais não é reajustado desde sua chegada, em 2009. Nesse período, os impostos dobraram, por causa do fim da lei Beckham, que ajudava os clubes a contratarem a peso de ouro os principais jogadores do planeta.

Nas últimas semanas, seu procurador, Jorge Mendes, negociou com o Real o aumento da porcentagem dos contratos publicitários. Cristiano abriu mão de boa parte desses ganhos quando quis trocar o Manchester United pelo Real Madrid.

Mario Götze, meia-atacante, sensação do Borussia Dortmund, receberá 40% de aumento para trocar seu clube pelo Bayern, a partir de 1º de julho. São € 2 milhões a mais, anualmente.

Nada mal...

Neymar joga no Santos, ganha mais do que Cristiano Ronaldo e Mario Götze. Sua empresa arrecadou no ano passado R$ 42 milhões. Desconte os impostos e o atacante santista terá uns 20% a mais do que o camisa 7 do Real Madrid, 70% a mais do que Mario Götze receberá no Bayern.

É verdade que a maior parte do salário do craque brasileiro vem da publicidade. Mas é exatamente isso que Cristiano Ronaldo tenta melhorar no Real Madrid.

Bastou a derrota por 4 x 0 para o Bayern para a obsessão do Barcelona por Neymar reaparecer. Todos os jornais espanhóis afirmam que Sandro Rossell não medirá esforços para levar o brasileiro para o Barça em julho. Não quer esperar o fim da Copa de 2014. Não vai ser fácil.

A maior parte dos 11 contratos de patrocínio de Neymar se encerra na Copa do Mundo. Em alguns deles, Neymar fica com 70% do dinheiro. Em outros, com 90%. Na Europa, não ganhará mais do que no Brasil.

Neymar pode nunca chegar a ser o melhor do planeta. Mas já há enormes diferenças entre ele e todos os craques revelados no Brasil depois de Zico se transferir para a Udinese, há 30 anos.

Romário, Ronaldo, Müller, Rivaldo, todos, sem exceção, passaram menos de quatro anos jogando em alto nível aqui, antes de entrarem no avião. Todos foram para a Europa para ganhar mais.

Neymar pode decidir se vai em julho ou apenas em 2014. Nas duas hipóteses, vai para ganhar menos.

Se ganhar a Copa, o Brasil será pequeno demais para ele.

Se perder, o país ficará insuportável, pelas cobranças.

"Jogador bom é jogador com fome", diz Felipão. Ganhando ou perdendo o Mundial, ele terá apenas uma ambição: jogar os principais campeonatos, contra os melhores jogadores.

Durante três décadas, o futebol brasileiro sonhou ter dinheiro para manter seus jogadores. Hoje, até tem. Falta oferecer estádios cheios, qualidade dos gramados e campeonatos que empolguem.

Vai, Neymar!


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