Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Paulo Vinícius Coelho

O mapa da vergonha

O presidente da CBF pede para fazerem o trabalho da entidade: difundir o futebol

O presidente da CBF, José Maria Marin, pediu criatividade aos administradores de estádios para evitar que se tornem elefantes brancos depois da Copa de 2014.

Marin se referia a soluções como a adotada por Santos e Flamengo, na primeira rodada do Brasileirão. Em vez de jogarem a estreia em seus campos, santistas e rubro-negros aceitaram o convite para atuar em Brasília.

Não é criatividade. É remendo.

Em outras palavras, o presidente da CBF pede aos administradores dos novos estádios para fazerem o trabalho da entidade: difundir o futebol. Espalhar a modalidade pelos quatro cantos do país é a missão de qualquer federação ou confederação.

A Série A começou ontem com 20 clubes de nove Estados diferentes. Significa que 18 partes da federação não são capazes de formar equipes para a disputar a elite do futebol brasileiro.

O mapa da primeira divisão do Brasileiro só tem o Goiás no interior do país e lembra a linha que separava a América espanhola da portuguesa, no Tratado de Tordesihas, assinado em 1492.

No século 15, Cabral ainda não havia descoberto o Brasil. No século 21, a CBF não descobriu o futebol brasileiro.

De todos os campeonatos de primeira divisão do mundo, o Brasileiro é o que menos ocupa seu território nacional.

A Espanha tem times de norte a sul, de leste a oeste, da Andaluzia à Galícia. O mesmo vale para os campeonatos de Portugal, França, Holanda, Itália, Inglaterra.

O futebol argentino sai pouco da região de Buenos Aires, não alcança o sul. O alemão tem clubes da parte ocidental, mas ainda sofre para incluir os orientais.

O Brasil joga em toda a faixa litorânea, chega a Goiás, mas não avança. Há milhões de quilômetros quadrados onde a bola não habita.

Não é absurdo levar a Copa do Mundo para Manaus só porque lá não existe um time de futebol de alto nível.

Absurdo é conformar-se que lá não há nem haverá equipes de primeira divisão. Não tentar mudar esse quadro.

É possível atrair o empresariado da Amazônia e colocar dinheiro no São Raimundo, no Rio Negro e no Nacional, que eliminou o Coritiba da Copa do Brasil.

Ou fazer o mesmo em Brasília, Cuiabá, Campo Grande, Vitória, no Espírito Santo.

Há três anos, quando se discutia a possibilidade de unificar os títulos nacionais, como a CBF fez, um argumento mentiroso informava que, como nos anos 60, o campeonato não tinha todos os Estados representados.

Não é verdade, porque há clubes de todos os pontos do país nas quatro Séries: A, B, C e D.

Mas não existe a perspectiva de ver clubes de todas as regiões na principal divisão do futebol brasileiro.

O certo não é levar paulistas e cariocas para jogarem nos estádios esquecidos, mas dar aos Estados abandonados a chance de sonharem em ter um clube na Série A nacional.

Pede-se criatividade para acabar com o Brasileirão exclusivo do litoral. Mas deve-se pedir a quem tem essa obrigação: o presidente da CBF.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página